Por Gutierres Fernandes Siqueira
No dia marcado,
Herodes, vestindo seus trajes reais, sentou-se em seu trono e fez um discurso
ao povo. Eles começaram a gritar: "É voz de deus, e não de homem".
Visto que Herodes não glorificou a Deus, imediatamente um anjo do Senhor o
feriu; e ele morreu comido por vermes. [Atos 12.21-23 NVI]
Na semana passada escrevi um texto sobre a não valorização da pregação nos
meios pentecostais. Isso em si já é uma tragédia, mas o trágico sempre vem
acompanhado de outros fatos igualmente lamentáveis. Ora, “um abismo chama outro
abismo” [Salmo 42.7]. O descaso com a pregação vem casado com a teatralização
das vaidades humanas.
“Glória a Deus” ou glória ao pregador? Quem frequenta uma comunidade
pentecostal sabe que uma das maiores preocupações dos pregadores “avivalistas”
(conceito bizarro que atribui ao homem o poder de vivificação) é a igreja
“glorificar a Deus”. É comum mandar que a igreja grite em alto e bom som um
“glóóóória a Deus”!
Alguém pode dizer que isso é bom, pois quem em sã consciência pode falar que a
exortação para adorar a Deus seja algo ruim? Mas não sejamos ingênuos. Muitos
pregadores quando fazem essa exortação não estão realmente preocupados com a
glória de Deus, mas sim com o efeito espetaculador da ministração. Ou seja, não
“o glória a Deus”, mas sim o “glória a mim” que está em jogo. É a satisfação de
ver o público da igreja recepcionar a mensagem de maneira acalorada.
É um sentimento semelhante ao de Herodes. Com um discurso Herodes despertou no
povo um sentimento de ouvir a voz de Deus e, vaidoso como era, Herodes ficou
cheio de si e não glorificou a Deus de fato. A vaidade do pregador pode vir
acompanhada de palavras religiosas. Assim como Herodes tomou a glória de Deus
para si. Muitos pregadores encaram o “glória a Deus” como um elogio a si
mesmo. É a “confirmação” que a pregação foi “abençoada”, pensam embriagados no
ego.
Outra coisa. Que o Senhor nos livre da exortação vaidosa. Que o Senhor nos
livre da vaidade do púlpito. É a vaidade que exorta com ar de superioridade. Há
quem pregue dizendo que não é “como os demais pregadores porque fala
simplesmente a verdade”. Ora, quem fala a verdade não precisa de
autopropaganda. Quanta arrogância! Como atribuir a mim um título de arauto da
verdade? Ora, sejamos mais pés no chão. Preguemos com a consciência que a
verdade do Evangelho pode estar distante daquelas palavras ditas por mim mesmo.
Sejamos conscientes que podemos ser canais de erros.
Muitos pensam que a vaidade está nos pregadores eruditos. Ora, quem é
verdadeiramente sábio agirá com sabedoria. Na minha experiência pessoal sempre
vi que os maiores egos estavam justamente entre aqueles que diziam mover o céu.
Que o Senhor nos livre dos “avivalistas” e derrame sobre nós um avivamento de
fato. Falam que movem o céu e estremecem o inferno, mas é apenas o “eu”
inchado.
Que a nossa oração seja: “Senhor, livrai-me do erro, das palavras falsas, da
exortação arrogante, das doutrinas frívolas e da vaidade do púlpito. Amém!”
Fonte: Blog Teologia Pentecostal
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