O que os evangélicos têm a comemorar no Dia Nacional do Evangélico?
Comemora-se em todo Brasil, no dia 30 de novembro, o Dia do Evangélico. A data foi criada pela Lei nº 893/1995, que incluiu a comemoração no calendário do Distrito Federal como feriado local. O Governo Federal, posteriormente, sancionou a Lei nº 12.328, de 15/09/2012, que instituiu o Dia Nacional do Evangélico, a ser comemorado justamente no dia 30 de novembro de cada ano, entretanto não criou mais um feriado nacional. Diante disso, a data é comemorada em todo o país, porém o feriado é apenas no Distrito Federal.
Feriado nacional ou não, o que temos a comemorar nessa data? Seria o aumento do número de igrejas evangélicas no país? A construção dos megatemplos por parte de algumas denominações? Ou ainda o crescimento nas estatísticas das pessoas que professam a fé evangélica?
A realidade do cristianismo no Brasil tem testemunhado um paradoxo pouco digno de comemoração genuinamente evangélica. Se por um lado tem aumentado o número dos que se declaram evangélicos, por outro se percebe nitidamente a diminuição do zelo doutrinário e das manifestações autênticas dos dons espirituais. Cresce o trigo, mas também aumenta o joio. Isso, em razão de práticas e omissões, costumes e inovações, gradativamente incorporadas ao evangelho pós-moderno, que acabam por apagar a chama do Espírito Santo de Deus, apesar da recomendação das Escrituras: "Não extingais o Espírito" (I Tessalonicenses 5.19).
É paradoxal também constatar que a cada período eleitoral mais líderes evangélicos se envolvem com política partidária, no entanto, o número daqueles que são referenciais pela coragem de denunciar o pecado, a corrupção e o mundanismo, é cada vez menor. Aproximam-se dos poderosos deste mundo, mas se afastam do Poder Daquele que é Senhor do mundo. Emaranham-se em negócios temporais e ignoram o princípio Bíblico quanto ao Reino de Deus: "Ninguém que milita se embaraça com negócios desta vida, a fim de agradar àquele que o alistou para a guerra" (II Timóteo 2.4).
Não menos contraditória é a questão financeira e patrimonial. Temos igrejas e líderes cada vez mais ricos e abastados, porém mais frios e mais distantes ainda do amor para com os pobres. São templos e catedrais suntuosas, emissoras de rádio e televisão, carros e imóveis de luxo, todavia pouco ou quase nada se destina aos órfãos, às viúvas e aos necessitados, nem mesmo às obras de assistência social. Apegam-se exacerbadamente ao patrimônio terreno e menosprezam o ensino de Jesus que eles mesmos pregam: "Não ajunteis tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem tudo consomem, e onde os ladrões minam e roubam" (Mateus 6.19).
E assim, que a data não se torne em mero show gospel, mas oportunidade para reflexão sincera acerca do cristianismo que praticamos. E mais, se não há motivo para comemorarmos o Dia Nacional do Evangélico, diante do aumento da iniquidade nesse tempo do fim em que muitos são chamados, de outra sorte, algo deve promover grande regozijo no coração de quem conhece, pratica e defende o verdadeiro Evangelho do Senhor Jesus Cristo: a alegria de ter o nome escrito no livro da vida do Cordeiro que foi morto desde a fundação do mundo (Apocalipse 13.8).
Adiel Teófilo