Por Adiel Teófilo.
Qual
é o preço da traição? José foi vendido por seus irmãos, em troca de 20 (vinte)
moedas de prata, a mercadores ismaelitas que desciam de Gileade para o Egito (Gênesis 37.28). O segredo de toda a
força de Sansão foi vendido por Dalila aos príncipes dos filisteus, os quais
lhe deram na sua mão, cada um deles, (1.100) um mil e cem moedas de prata (Juízes 16.5 e 18). Judas Iscariotes
entregou Jesus Cristo aos príncipes dos sacerdotes por 30 (trinta) moedas de
prata, beijando-o como um sinal, para que fosse preso por uma grande multidão com
espadas e porretes (Mateus 26.14 - 16 e
47-50).
Os episódios acima
exemplificam muito bem como a ganância por dinheiro é capaz de levar as pessoas
a trair o próprio irmão, o amigo ou até mesmo o Filho de Deus. São movidas por
um sentimento nefasto de ambição, que menospreza os vínculos mais sublimes do
amor, do respeito ao próximo e do temor para com o Senhor Deus. Na verdade, o
amor pelo dinheiro é que fala
mais alto dentro delas, fazendo com que se desviem do caminho da fidelidade. “Porque o amor ao dinheiro é a raiz de toda
a espécie de males; e nessa cobiça alguns se desviaram da fé, e se traspassaram
a si mesmos com muitas dores” (I Timóteo 6.10).
A Igreja de Jesus Cristo passa por seus últimos dias na
face terra. Nesse tempo do fim, a iniquidade tem se multiplicado de tal maneira
que o amor de muitos está se esfriando, como bem profetizou o Senhor Jesus (Mateus 24.10-12), pois não hesitam em
trair uns aos outros, nem se incomodam com aqueles que ficam escandalizados. E
aqui não posso esconder a minha grande decepção diante de tantas barganhas
políticas que tomo conhecimento.
Isso mesmo, barganha política usando o rebanho do Bom
Pastor Jesus Cristo. Há líderes que não têm o menor escrúpulo em usar o povo
evangélico como moeda de troca, visando receber favores pessoais ou oportunidades
que beneficiam tão somente os que lhe são mais próximos. O rebanho do Senhor, formado
por crentes humildes e tementes a Deus, nem percebe que está sendo vendido.
Isso, porque as negociatas são realizadas às ocultas, mas publicamente passam a
imagem enganosa de que todo apoio político é importante para o bem da Obra do
Senhor.

O povo evangélico é incentivado a trabalhar arduamente
para a realização dos grandes eventos: dão ofertas, doam gêneros alimentícios, fazem
toda espécie de comércio nos templos, ensaiam, montam todo o aparato da festa e
fazem grandes ajuntamentos de pessoas, porém o resultado em almas salvas nem
sempre corresponde ao esforço desprendido. A liderança mostra toda orgulhosa esses
ajuntamentos, como uma grande força política, valiosa aos olhos daqueles que desejam
obter muitos votos nas eleições. Surgem então as mais diversas barganhas políticas,
mediante a venda do rebanho do Senhor.
E qual é o preço dessa traição? O povo é obrigado a
suportar nos palcos desses eventos os “bondosos políticos”, sempre dispostos a
lutar contra leis que tanto perseguem as igrejas. Apesar de serem incrédulos, desafeiçoados ao Evangelho
e ter conduta pública e ética notoriamente reprováveis, ocupam lugar de honra
entre os obreiros mais consagrados, profanando assim os locais de culto. O que vendeu
o rebanho recebe em troca cargos na administração pública ou no legislativo, indicando
familiares ou amigos mais próximos, além de obter favores, facilidades pessoais
e até dinheiro de origem duvidosa. Cumpre-se então a profecia da Palavra de
Deus: “E por avareza farão de vós negócio
com palavras fingidas” (II Pedro 2.3).
E os cristãos, recebem o quê? Ah, o povo, recebe o mesmo
que José, Sansão e Jesus Cristo receberam: o fruto amargo da traição, pois não
passa de rebanho da barganha política!