Por
Adiel Teófilo.
Dito isso, confesso aos homens diante de Deus: estou profundamente escandalizado...
Parece
pouco edificante contar aos outros as nossas decepções. No entanto, quando se trata
de fatos ocorridos dentro de uma igreja evangélica, creio que é importante mostrar
como está se cumprindo a face mais triste das profecias Bíblicas. A finalidade não
é desanimar e nem entristecer quem serve a Deus, e sim alertar para que todos se
preparem, visando enfrentar os tempos trabalhosos dos últimos dias, porque muitos
terão a aparência de piedade, mas negarão a eficácia dela, por causa da conduta
pessoal contrária aos preceitos da Bíblia Sagrada. “Destes afasta-te” (II Timóteo 3.1-5).
Dito isso, confesso aos homens diante de Deus: estou profundamente escandalizado...
A minha grande decepção é com fatos ocorridos dentro da igreja
que participei como membro e Presbítero durante mais de quinze anos. Ela faz
parte de uma denominação centenária no Brasil, que mudou bastante desde a sua
fundação por dois missionários suecos. Atuei nessa igreja como líder de
adolescentes, presidente de mocidade, líder de casais, professor de escola
dominical, membro de comissão jurídica, além de várias atividades voltadas para
o ensino, pregação, evangelismo e visitação de membros.
Trabalhei muito para o Reino de Deus dentro dessa igreja
e disso não me arrependo, porém há fatos difíceis de esquecer. Certa vez um pastor, que ainda faz
parte da diretoria daquela igreja, tentou me subornar. Propôs que escolhesse qualquer
das congregações sob sua liderança, dizendo que iria me nomear como dirigente.
Prontamente recusei! Percebi logo que o real propósito era me fazer calar. Isso
porque, orientado por Deus em sonho, descobri que ele estava desviando dinheiro
da igreja, gastando com diversas despesas pessoais e familiares, e
ainda fazia declarações falsas no
relatório financeiro.
É muito triste
relembrar isso... Ainda mais porque trabalhei durante trinta e um anos no
serviço público e nunca nenhum superior ou colega de trabalho tentou me
subornar. Certamente por perceber a seriedade e a honestidade com que sempre desempenhei
minhas atribuições, servindo a Deus e não aos homens (Colossenses 3.23).
Relatei
ao presidente da igreja o desvio financeiro que estava ocorrendo e apontei as
provas. O conselho fiscal foi convocado e depois das apurações todas as
irregularidades foram comprovadas. Tentei assim colocar a salvo o que é do
Senhor, entretanto acabei ficando como mentiroso... Para decepção geral, o
errado não foi disciplinado, pelo contrário, foi cada vez mais prestigiado pela
liderança. Esse fato causou perplexidade e indignação a muitos, porque quando
um pequeno cai é logo disciplinado e até excluído daquela igreja, mas quando um
dos grandes fracassa recebe toda a proteção do rei.
E
assim, para esconder os desvios de dinheiro que aquele pastor praticou, o
presidente mentiu para os membros em pleno culto, dizendo que não tinha nada de
errado com as finanças da igreja. Tentou ainda varrer toda a sujeira para
debaixo do tapete, pedindo reservadamente que a conclusão do conselho fiscal
fosse modificada no relatório das apurações. Essa mentira proferida no altar levou
ao sacrifício a consciência de várias ovelhas do rebanho do Senhor, pois os membros
que sabiam da verdade nunca se conformaram com essa injustiça e ainda sofrem
com a dor da decepção.
Tudo isso
me deixou perplexo... Fui ensinado desde a infância em lar evangélico a dizer
sempre a verdade, qualquer que seja a circunstância, e acreditava que aqueles líderes
seguiam esse mesmo princípio cristão. Todavia, fiquei mais surpreso ainda ao
saber que aquele pastor, que desviou dinheiro da igreja, ensinava que se for
necessário dizer uma pequena mentira para alcançar uma coisa boa, que não tinha
nenhum problema. Meu Pai Eterno! Que cristianismo é esse? Será que furtar,
mentir, enganar, não é mais pecado? “Não
furtareis, nem mentireis, nem usareis de falsidade cada um com o seu próximo;”
(Levítico 19.11).
Noutra
ocasião mais recente, acompanhando a iniciativa de outros membros, manifestei
publicamente opinião contrária ao envolvimento da igreja com a política
partidária. Isso porque, a principal finalidade desse apoio político, usando a
igreja e sem consultar os membros, era favorecer os familiares do presidente
com cargos no governo, conforme extensa lista publicada em Diário Oficial, além
de privilegiar amigos mais próximos, como aquele pastor que praticou os desvios
de dinheiro.
Questionei
também a falta de transparência na administração financeira. A igreja estava sendo cobrada judicialmente por dívidas não pagas, com imóvel penhorado pela justiça, entretanto, a diretoria tinha vendido metade de um imóvel da igreja por quatro milhões
de reais, em área nobre de Brasília, para uma construtora que iria concluir a
construção do templo no imóvel, porém o templo permanece inacabado e ninguém sabe o que foi feito com o crédito de quatro milhões de reais.
Diante
disso, esperava-se que a diretoria adotasse uma postura digna de cristão. Que falasse a verdade a todos os irmãos, conforme Efésios 4.25,
seja comprovando que estão agindo honestamente e administrando com zelo, seja
reconhecendo que cometeram erros e estão dispostos a corrigi-los. Mas,
lamentavelmente, para vergonha dos evangélicos, nada disso aconteceu...
O
que se presenciou, para desapontamento geral, foi o autoritarismo e a maneira antibíblica com que a diretoria daquela igreja usou a
disciplina... Na tentativa de fazer calar todos que se manifestaram sobre os problemas
que afetavam a igreja, a diretoria aplicou a exclusão de forma arbitrária contra
membros e obreiros, inclusive contra mim, sem sequer me ouvir, contrariando dessa
forma o preceito Bíblico de Mateus 18.15,
desrespeitando o Estatuto da igreja e violando o direito fundamental da ampla
defesa previsto no artigo 5º, inciso LV, da Constituição Federal de 1988.
Como
se percebe, a disciplina não foi aplicada como meio de correção para a justiça,
a fim de resgatar quem falhou, conforme Hebreus
12.6-11. Para tristeza de todos, a disciplina foi usada de forma abusiva, tal como o pai que espanca violentamente
o próprio filho. Desse modo, a disciplina cristã foi completamente desvirtuada e empregada apenas
como instrumento de retaliação e de represália, a fim de afastar da denominação
aqueles que ousaram dizer a verdade diante do engano, ou que contrariam os interesses da
cúpula, por mais escusos e obscuros que sejam.
Sei
que problemas e corrupção ocorrem em vários lugares. Contudo, graças a Deus, em
todos os locais onde trabalhei, por uma década no Exército Brasileiro
e na Polícia Civil do Distrito Federal por mais de duas décadas,
nunca presenciei ninguém ser punido por dizer a verdade ou porque pediu providências
legais. As pessoas que foram acusadas de cometer alguma falta sempre foram
ouvidas e puderam se defender usando todos os meios legítimos. Aqueles que de
fato erraram, foram devidamente punidos. Os chefes com os quais trabalhei
diretamente nunca prevaricaram, sempre adotaram providências para corrigir as irregularidades
que tomaram conhecimento.
Enfim, acreditava
que entre líderes cristãos o caráter seria bem melhor, principalmente quando
comparados com aqueles que não são evangélicos. Mas, porque será que a diretoria
daquela igreja tem se comportado em alguns aspectos pior que os infiéis? Infelizmente,
não vale a pena permanecer em uma denominação dirigida por gente assim... a minha decepção é maior que o templo que eles ocupam...
Que Deus tenha misericórdia deles e faça abundar em meu coração o verdadeiro amor e o perdão sincero.
Que Deus tenha misericórdia deles e faça abundar em meu coração o verdadeiro amor e o perdão sincero.
Nenhum comentário:
Postar um comentário