Defesa do Evangelho busca a prática sincera dos verdadeiros ensinos do SENHOR JESUS CRISTO. “...Sabendo que fui posto para defesa do evangelho. Mas que importa? Contanto que Cristo seja anunciado de toda a maneira, ou com fingimento ou em verdade, nisto me regozijo, e me regozijarei ainda” (Filipenses 1.17-18). Participe dessa Defesa! Deixe o seu comentário ao final do artigo ou escreva para o nosso email: adielteofilo7@gmail.com

sexta-feira, 5 de junho de 2015

A IGREJA DENTRO DA LEI - Proteção aos Locais de Culto

Por Adiel Teófilo.


A Constituição da República Federativa do Brasil, promulgada no dia 5 de outubro de 1988, no art. 5º, inc. VI, assegura o direito fundamental do livre exercício dos cultos religiosos em todo o território nacional. Garante ainda, nesse mesmo inciso, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias, conforme regras a serem especificadas em lei. No entanto, até a presente data, não foi editada nenhuma lei regulamentando a forma e os mecanismos de garantir essa proteção. Consultando as proposições legislativas em tramitação na Câmara dos Deputados, constata-se que já foram apresentados nove projetos de lei sobre o assunto, porém todos eles, nesta data, encontram-se arquivados.

Apesar dessa lacuna pela falta de uma lei que regulamenta a proteção aos locais de culto, existem outros dispositivos na legislação que tutelam valores com relevância jurídica, os quais estão diretamente relacionados com a crença e a liberdade de culto em nosso país. É bem verdade que uma lei específica sobre a matéria possibilitaria maior eficácia no emprego dos meios de proteção, contudo, a inexistência dessa lei não pode se constituir em obstáculo ao pleno exercício da liberdade religiosa, por se tratar de um direito individual e coletivo assegurado pela Constituição Federal.

Nesse sentido, constam do Código Penal – Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940, alguns mecanismos importantes, que oferecem proteção da liberdade de convicção e do sentimento religioso. O art. 140 define o crime de injúria, que é a ação de ofender a dignidade ou o decoro de alguém, por meio de uma manifestação de desprezo ou de desrespeito capaz de ofender a honra da pessoa. O exemplo mais comum são os xingamentos com palavras de baixo calão. A pena cominada é de detenção de um a seis meses ou multa. No entanto, caso o ofensor ao praticar a injúria se utiliza de elementos referentes à religião do ofendido, o delito em razão disso torna-se em injúria qualificada ou preconceituosa, situação em que a reprimenda é mais severa, com pena de reclusão de um a três anos e multa.

O art. 149, do Código Penal, tipifica o crime de redução a condição análoga à de escravo. Isso se dá nas situações em que alguém é submetido a trabalhos forçados ou a jornada exaustiva, ou a condições degradantes de trabalho, ou ainda a sua locomoção é restringida, por qualquer meio, em razão de dívida que contraiu com o empregador ou seu preposto durante o trabalho. A pena é de reclusão, de dois a oito anos, e multa, além da pena correspondente à violência. Esse crime se torna também qualificado, quando é praticado por motivo de preconceito contra a religião da vítima, hipótese em que a pena é aumentada de metade, ou seja, a reclusão passa a ser de três a doze anos.

O art. 208, do Código Penal, estabelece o crime de ultraje a culto e impedimento ou perturbação de ato a ele relativo. A finalidade desse dispositivo legal é proteger o sentimento religioso, e também, secundariamente, a liberdade de culto e de crença assegurada pelo art. 5º, inc. VI, da Constituição Federal. Estão previstas no texto do artigo 208 do Código Penal três condutas típicas distintas, as quais configuram o crime acima citado, conforme detalhamento a seguir:

1) Escarnecer de alguém publicamente, por motivo de crença ou função religiosa (art. 208, parte “a”, do Código Penal): escarnecer é o ato de zombar de alguém; para configurar o crime, o escárnio precisa ser praticado publicamente, de modo que se a conduta for realizada particularmente e sem que o fato chegue ao conhecimento das pessoas, não estará caracterizado o delito; além disso, a zombaria deve ser praticada por motivo de crença ou de função religiosa da vítima. Exemplo disso temos a zombaria pública de alguém por ser um cristão ou ainda por ser um pastor evangélico.

2) impedir ou perturbar cerimonia ou prática de culto religioso (art. 208, parte “b”, do Código Penal): impedir é a atitude capaz de impossibilitar a realização, e perturbar é a ação que dificulta o desenvolvimento normal de um ato religioso; essas duas formas de ofensa podem ocorrer contra cerimônia religiosa, que é a celebração solene de um evento religioso, como um culto público que reúne várias pessoas, ou ainda contra prática de culto religioso, que é a atividade realizada de forma não solene, a exemplo de um evangelismo efetuado informalmente.

3) vilipendiar publicamente ato ou objeto de culto religioso (art. 208, parte “c”, do Código Penal): vilipendiar é a ação de aviltar, menosprezar, ultrajar; esse ato precisa ser realizado publicamente para configurar crime, e não de modo particular, reservado; o ultraje pode ser perpetrado em relação a ato de culto religioso, como um batismo ou uma celebração da Ceia do Senhor Jesus, bem como em relação a objeto de culto, a exemplo da Bíblia Sagrada. Portanto, aquele que queima publicamente ou pratica qualquer outra forma de ultraje contra a Bíblia Sagrada, objeto utilizado pelos evangélicos no culto, incorre no crime em pauta.

Nessas três hipóteses acima, a pena prevista é de detenção, de um mês a um ano, ou multa. Se ocorrer o emprego de violência em qualquer dessas hipóteses, a pena será aumentada de um terço, e será aplicada ainda a pena correspondente à violência empregada contra a vítima.

Diante dessas disposições inseridas no Código Penal, constata-se que as pessoas podem invocar a proteção do Estado, através das Instituições Policiais e do Poder Judiciário, a fim de garantir a plena liberdade de crença e de prática religiosa. A iniciativa de buscar a tutela do Poder Público pode ser tanto individual quanto coletiva, caso a ofensa ou agressão seja perpetrada contra alguém individualmente ou em face de um grupo religioso, situação em que o Pastor ou Dirigente poderá atuar representante a coletividade dos membros que foi atingida.

O ideal seria que nenhum cristão ou igreja em nosso país precisasse pleitear a tutela do Estado para assegurar o direito à liberdade religiosa e a proteção aos cultos. Entretanto, os dias são trabalhosos e podem surgir situações em que não resta alternativa senão provocar a ação da autoridade. Portanto, convém lembrar que as autoridades são constituídas mediante a permissão de Deus, atuando como ministros do próprio Senhor, para castigar aqueles que praticam o mal (Romanos 13). Melhor não precisar da proteção da lei, mas se for necessário busca-la, é direito seu e da igreja!

sábado, 30 de maio de 2015

O EVANGELHO DE SATANÁS

Por Fernando Carvalho.

Ele está por todos os lados, sendo domingo após domingo pregado e reverenciado por muitos. Ele é atrativo, estremece a carne, emociona o coração e deixa a mente em êxtase! Faz o homem se sentir poderoso, faz pastores arruinarem a fé de vários (inclusive a própria). Faz nascer desastrados ministérios que desonram e blasfemam do evangelho de Jesus Cristo, arrastando multidões de iludidos. Faz o movimento gospel faturar milhões de reais para honra, glória e poder dos ventres insaciáveis dos magnatas de púlpitos.

Sim esse é o evangelho de Satanás, um legado que seduziu o homem no Éden e quis seduzir a Cristo no deserto. Ele busca colocar no centro dessa maldita mensagem a satisfação própria dos que são enganados por ele. Me basearei no texto da tentação de Mateus capitulo 4 para descrever as ações dessa mentirosa mensagem proferida em alta voz hoje, no movimento evangélico mundial.

Primeiro ponto:  Unicamente Satisfazer as necessidades individuais.

"Se tu és filho de Deus mande que essas pedras se transformem em pães".
Mateus 4:3

A mensagem central desse falso evangelho e impulsionar as pessoas a buscá-lO para satisfazer unicamente a própria necessidade e de maneira apressada desobedecer a vontade de Deus, uma vez que se Jesus tivesse atendido essa proposta baseada em uma nescessidade de primeira ordem (fome), teria contrariado a ordem da missão do Pai, e seria um rebelde. Lógico que Jesus não faria isso jamais, porém é o que mais vemos dentro das igrejas: pessoas decretando por serem "filhos de Deus" uma enxurrada de vontades próprias como motivo de buscar a face de Deus, se rebelando contra a vontade do Senhor.

Segundo ponto: Usar textos isolados e distorcidos, tendo a pretensão de achar que Deus é obrigado a agir segundo os meus impulsos.

“Se és o Filho de Deus, joga-te daqui para baixo. Pois está escrito: Ele dará ordens a seus anjos a seu respeito, e com as mãos eles o segurarão, para que você não tropece em alguma pedra”.
Mateus 4:6

Faz-se preciso esclarecer algo a respeito desse versículo. Satanás tem agido nas pregações e orações da igreja, quando a palavra de Deus é citada para um fim próprio de quem ora, ou prega, mas na verdade é distorcida para essa finalidade e ainda por cima revela um coração arrogante e presunçoso. Deus jamais nos ensinou a reivindicar a sua autoridade, mas sim, pedirmos humildemente a Sua vontade (Seja feita a sua vontade assim na terra, como no céu - Mateus 6:10).

O versículo é distorcido por que o salmo 91, diz que essa guarda de Deus aconteceria em toda a caminhada de Cristo no propósito da missão e jamais tentando os poderes de Deus, quando jogar-se do penhasco não estavam nos decretos do Senhor. Na verdade Satanás queria que Jesus se revelasse o Cristo antes do Tempo e assim não haveria cruz para remissão dos pecados. Hoje o que vemos são pessoas interessadas em suas próprias vontades, querendo fundar ministérios particulares longe da vontade de Deus porém dentro da própria vontade, provando de uma glorificação corruptível.

Terceiro ponto: A adoração que promove a conquista.

“Depois, o Diabo o levou a um monte muito alto e mostrou-lhe todos os reinos do mundo e o seu esplendor e lhe disse: Tudo isto te darei, se te prostrares e me adorares”.
Mateus 4: 8,9

Esse é o ponto mais contundente do evangelho satânico. A adoração que promoverá as “bênçãos", conquistas, prestígios, sucesso e domínio. Essa foi a frase usada pelo Diabo queridos leitores. É a frase do momento na boca do movimento evangélico brasileiro. Buscar uma excelência de reinado que não foi ensinado pelo Senhor. Na verdade o Senhor em seu ministério foi SERVO e acredito não precisar biblicamente provar essa afirmação.

As adorações por interesse daquilo que Deus pode fazer, na verdade é a FALSA promessa do que o Diabo ofereceu a Cristo! Se ensina que você deve ser fiel na adoração financeira, assim Deus lhe abençoará transbordando os celeiros com carros, casas, casamento, empregos, poder. Não, caros leitores! Isso não é promessa bíblica para a igreja. Geralmente essa falsa promessa é avalizada com textos do antigo testamento levando em conta a prosperidade de Israel. Irmãos a consequência do Israel próspero financeiramente é um Israel desgraçado espiritualmente, onde é o caso das pessoas que querem adquirir os reinos deste mundo!

O Evangelho de Satanás tem sido utilizado por falsos profetas a fim de gerar impérios, promovendo falsas promessas no tempo presente, gerando bodes rebeldes e indiferentes à vontade do Senhor. As Igrejas viraram programas de auditórios, com palestrantes usados por Satanás, a prometerem conforto, vitória, prosperidade e isso tudo nos Reinos deste Mundo.
Fujam dessa farsa! O Senhor Jesus é quem porta as fiéis bênçãos para igreja, baseada em uma glória incorruptível, reservada aos eleitos santos no Senhor. Desfrutaremos de uma riqueza que nem temos ideia do que seja, para que o homem em sua presunção, não pudesse tentar imitá-la em suas falsas deduções.

Sim, ao único e sábio Deus seja dada Glória, por intermédio de Jesus Cristo, para todo o sempre. Amém! (Romanos 16:27)

Fonte: Electus 

quinta-feira, 28 de maio de 2015

APÓSTOLOS CONTEMPORÂNEOS


Por Ruy Marinho.

Há quem defenda que nos dias de hoje Deus tem levantado uma geração apostólica, restaurando “ministérios perdidos” durante séculos através de novos apóstolos, supostamente com os mesmos poderes (e até maiores) que os escolhidos por Jesus na igreja primitiva. Muitos deles chegam a declarar novas revelações extrabíblicas, curas e milagres extraordinários, liberando palavras proféticas e unções especiais, vindas diretamente do “trono de Deus” para a Igreja. Seus seguidores constantemente ouvem o termo “decretos apostólicos”, dos quais afirmam que uma vez proclamados por um apóstolo, há de se cumprir fielmente a palavra profética, pois o apóstolo é a autoridade máxima da igreja, constituído diretamente por Deus com uma unção especial diferenciada dos demais membros.

No site de uma "conferência apostólica" ocorrida há alguns anos, narraram a seguinte declaração de um apóstolo contemporâneo: “A segunda noite de mover apostólico invadiu os milhares de corações presentes nesta segunda noite de Conferência Apostólica 2006. Com a ministração especial do Apóstolo Cesar Augusto a respeito do “Ser Apostólico”, todos ficaram impactados com mais esta revelação vinda direto do altar do Senhor para seus corações. Ser Apostólico é valorizar a presença de Deus, é ser fiel, é crer que Deus pode transformar, é ter uma unção especial para conquistar o melhor da terra e, por fim, é crer que Deus age hoje em nossas vidas. [...] Todos saíram do Ginásio impactados por esta revelação, saíram todos apostólicos prontos para conquistar o Brasil e o mundo para Jesus.” [1]

Peter Wagner, um defensor do apostolado contemporâneo, define o dom de apóstolo nos dias de hoje da seguinte forma: "O dom de apóstolo é uma habilidade especial que Deus concede a certos membros do corpo de Cristo, para assumirem e exercerem liderança sobre um certo número de igrejas com uma autoridade extraordinária em assuntos espirituais que é espontaneamente reconhecida e apreciada por estas igrejas. A palavra chave nesta definição é AUTORIDADE, pois isto nos ajuda a evitar um erro muito comum que as pessoas fazem ao confundirem o dom do apóstolo com o dom de missionário." [2]

Com estas declarações, podemos deduzir logicamente duas coisas: Ou o ministério apostólico contemporâneo é uma realidade na Igreja nos últimos dias, ou estamos diante de uma grande distorção bíblica, na qual precisa ser rejeitada e combatida urgentemente. Se a primeira hipótese estiver correta, então obviamente não devemos questioná-los, além de aceitar como verdade de Deus tudo o que vier dos mesmos. Caso contrário, resta-nos rejeitar totalmente as palavras e as reivindicações proféticas destes apóstolos contemporâneos por serem antibíblicas.

Para ter plena certeza do que se trata, não existe alternativa a não ser partir para a análise bíblica, pois a Palavra de Deus é a nossa única regra de fé e conduta, base normativa absoluta para toda e qualquer doutrina. Portanto, da mesma forma que os bereianos de Atos 17:11 fizeram quando receberam as palavras do Apóstolo Paulo, devemos também analisar esta questão sob à luz das escrituras.

A primeira pergunta que devemos fazer é: existem apóstolos nos dias de hoje? Para chegar à resposta, primeiramente precisamos entender quem foi os apóstolos na igreja primitiva. Para tanto, é necessário verificar o fator etimológico da palavra Apóstolo. Biblicamente, esta palavra significa “enviado, mensageiro, alguém enviado com ordens” (grego = apostolos), é utilizada no Novo Testamento em dois sentidos: 1º - Majoritariamente de forma técnica e restrita aos apóstolos escolhidos diretamente por Cristo; 2ª - Em sentido amplo, para casos de pessoas que foram enviadas para uma obra especial. Neste último, a palavra utilizada provém da correlação verbal do substantivo “apóstolo” e o verbo em grego “enviar” (grego = apostello).[3] Das 81 vezes que a palavra apóstolo e suas derivações aparecem no texto grego do Novo Testamento, 73 vezes é utilizada no sentido restrito ao grupo seleto dos 12 apóstolos de Cristo, apenas 7 vezes no sentido amplo (Jo 13:16, 2Co 8:23, Gl 1:19, Fl 2:25, At 14:4 e 14, Rm 16:7) e uma vez para Jesus Cristo em Hb 3:1. [4]

Podemos perceber que, em tese, qualquer pessoa que é “enviada” para um trabalho missionário é um apóstolo. Porém, os problemas aparecem quando alguém propõe para si a utilização do termo no sentido restrito ao ofício de apóstolo.

Biblicamente, havia duas qualificações específicas para o apostolado no sentido restrito: 1ª – Ser testemunha ocular de Jesus ressurreto (Atos 1:2-3, 1:21-22, 4:33 e 9:1-6; 1Co 9:1 e 15:7-9); 2º - Ter recebido sua comissão apostólica diretamente de Jesus (Mt 10:1-7, Mc. 3:14, Lc 6:13-16, At 1:21-26, Gl 1:1 e  1:11-12 ). Este fato leva-nos a questionar: quem comissionou os apóstolos contemporâneos?

Depois da ressurreição, Jesus apareceu para os apóstolos comissionados por ele próprio e também para várias pessoas, sendo Paulo o último a vê-lo: “Depois foi visto por Tiago, mais tarde, por todos os apóstolos e, afinal, depois de todos, foi visto também por mim, como por um nascido fora de tempo. Porque eu sou o menor dos apóstolos...” (1Co 15:7-9). No grego, as palavras “depois de todos” é eschaton de pantwn, que significa literalmente “por último de todos”. [5]

Paulo foi o último apóstolo comissionado por Jesus (At 9:1-6). Posteriormente, não encontramos base bíblica para afirmar que exista uma sucessão ou restauração ministerial de apóstolos. Todas as tentativas para justificar uma suposta restauração do ofício apostólico nos dias de hoje, partiram de interpretações alegóricas, isoladas e equivocadas de textos bíblicos.[6] Na história da igreja, não temos nenhum grande líder utilizando para si o título de apóstolo. Papias e Policarpo, que eram discípulos dos apóstolos e viveram logo após o ministério apostólico, não utilizaram esse título. Nem mesmo grandes teólogos e pregadores da história como Agostinho, Calvino, Lutero, Wesley, Whitefield, Spurgeon - entre tantos outros, utilizaram para si o título de apóstolo.

Os apóstolos tiveram um papel fundamental para o estabelecimento da Igreja. Nesta construção, Jesus foi a pedra angular e o fundamento foi posto pelos apóstolos e profetas, conforme descrito em Efésios 2:19-20: “Assim, já não sois estrangeiros e peregrinos, mas concidadãos dos santos, e sois da família de Deus, edificados sobre o fundamento dos apóstolos e profetas, sendo ele mesmo, Cristo Jesus, a pedra angular”. Esta passagem é o contexto direto de Efésios 4:11“E Ele mesmo concedeu uns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas e outros para pastores e mestres”. Ora, se já temos o alicerce pronto, qual a necessidade de construí-lo novamente? Na verdade não há possibilidade, pois tudo o que vier posteriormente deverá ser estabelecido sobre esta base, conforme alertado pelo apóstolo Paulo: “Segundo a graça de Deus que me foi dada, lancei o fundamento como prudente construtor; e outro edifica sobre ele. Porém cada um veja como edifica. Porque ninguém pode lançar outro fundamento, além do que foi posto, o qual é Jesus Cristo.” (1Co 3:10-11)

Como fundamento da Igreja, os apóstolos possuíam plena autoridade dada pelo próprio Jesus Cristo para designar suas palavras como Palavra de Deus para a igreja em matéria de fé e prática. Através desta autoridade apostólica mediante o Espírito Santo é que temos hoje o que conhecemos como cânon do Novo Testamento, escritos pelos apóstolos. Além disso, faziam parte das credenciais dos apóstolos: operar milagres e sinais extraordinários como curas de surdos, aleijados, cegos, paralíticos, deformidades físicas, ressurreições de mortos etc. (2Co 12:12). Eu creio que Deus opera curas em resposta à orações conforme a vontade soberana d’Ele, porém não creio que as mesmas aconteçam através do comando verbal de novos apóstolos, da mesma forma que era feito pelos apóstolos na igreja primitiva de forma extraordinária.

Outro grande problema que encontramos no título de apóstolo nos dias de hoje é que, automaticamente as pessoas associam o termo aos 12 apóstolos de Jesus. Quem lê o Novo Testamento, identifica a grande autoridade atribuída ao ofício de apóstolo e consequentemente esta autoridade será ligada aos contemporâneos. Quem reivindica o título de apóstolo, biblicamente está tomando para si os mesmos ofícios dos apóstolos comissionados por Jesus, colocando as próprias palavras proferidas ou escritas em pé de igualdade e autoridade dos autores do Novo Testamento. Afinal, os apóstolos tinham autoridade para receber revelações diretas de Deus e escrevê-las para o uso da Igreja. Se admitirmos que existam “novos apóstolos”, devemos assumir que a Bíblia é insuficiente e que as palavras dos contemporâneos são canônicas, o que é absolutamente impossível e antibíblico!

Não podemos deixar de citar o festival de misticismo antibíblico praticado por muitos apóstolos contemporâneos, tais como: atos proféticos, novas unções, revelações extrabíblicas, maniqueísmo, manipulação e coronelização da fé através do conceito "não toqueis nos ungidos", judaização do evangelho etc. Além disso, o próprio modo de vida deles mostra o oposto dos originais, os apóstolos de Cristo tiveram vida humilde, foram presos, açoitados, humilhados e todos (com excessão de Judas Iscariotes que suicidou-se e João que teve morte natural) morreram martirizados por pregarem o evangelho. Ao contrário disso, os contemporâneos vivem uma vida com patrimônios milionários, conforto e prosperidade financeira. Quando sofrem algum tipo de "perseguição", as mesmas são decorrentes à contravenções penais com a justiça.

Após esta breve análise, concluo que não há apóstolos hoje! O apostolado contemporâneo é uma distorção bíblica gravíssima que reivindica autoridade extrabíblica, da mesma forma que a sucessão apostólica da Igreja católica romana e os Mórmons. Por isso, devemos rejeitar a “restauração” do ofício apostólico, pois os apóstolos contemporâneos não se encaixam nos padrões bíblicos que validam o apostolado, bem como não existe base bíblica que autorize tal restauração.

Sola Scriptura!

[2] – Citado no ítem reforma apostólica do site Lagoinha.com
[3] – Dicionário Bíblico Strong - Léxico Hebr., Aram. e Grego - SBB – 2002, pág. 1214, nº649/652.
[4] – Concordância Fiel do Novo Testamento Grego – Português, Ed. Fiel, Vol. I, pág. 84
[5] – Citado no artigo: Carta ao Apóstolo Juvenal, por Rev. Augustus Nicodemus Lopes.
[6] – Para verificar diversas refutações ao apostolado contemporâneo, clique aqui!

Fonte: Bereianos