Defesa do Evangelho busca a prática sincera dos verdadeiros ensinos do SENHOR JESUS CRISTO. “...Sabendo que fui posto para defesa do evangelho. Mas que importa? Contanto que Cristo seja anunciado de toda a maneira, ou com fingimento ou em verdade, nisto me regozijo, e me regozijarei ainda” (Filipenses 1.17-18). Participe dessa Defesa! Deixe o seu comentário ao final do artigo ou escreva para o nosso email: adielteofilo7@gmail.com

terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

ORAR E AGIR, PARA MUDAR AS CIRCUNSTÂNCIAS

Por Adiel Teófilo.

Se fosse necessário apenas orar, e não agir, para mudar a condição dos pecadores que não conhecem a Cristo, não seria preciso sair pelo mundo fazendo discípulos de todas as nações. Bastaria orar por todos que eles se converteriam ao Evangelho de Jesus. “E eis que sobre vós envio a promessa de meu Pai; ficai, porém, na cidade de Jerusalém, até que do alto sejais revestidos de poder” (Lucas 24.49).

Se fosse necessário apenas falar, e não agir, para que a iniquidade fosse tirada do lugar de adoração, o Senhor Jesus não teria usado um chicote de cordas para expulsar os que vendiam e compravam no templo, e não teria derrubado as mesas dos cambistas e as cadeiras dos que vendiam pombas. “E tendo feito um azorrague de cordéis, lançou todos fora do templo, também os bois e ovelhas; e espalhou o dinheiro dos cambistas, e derribou as mesas” (João 2.15). “E disse-lhes: Está escrito: A minha casa será chamada casa de oração; mas vós a tendes convertido em covil de ladrões” (Mateus 21.13).

Se fosse necessário apenas ter fé, e não fazer nada, para testemunhar que somos filhos de Deus, não seria preciso amar e nem ajudar o próximo. Bastaria crer em Cristo que a fé seria vivificada. “Porque somos feitura sua, criados em Cristo Jesus para as boas obras, as quais Deus preparou para que andássemos nelas” (Efésios 2.10). “Meus irmãos, que aproveita se alguém disser que tem fé, e não tiver as obras? Porventura a fé pode salvá-lo?” (Tiago 2.14). “Porque, assim como o corpo sem o espírito está morto, assim também a fé sem obras é morta” (Tiago 2.26).

Se fosse necessário apenas orar, e não fazer nada, para não cair em tentação, não seria preciso ser sóbrio e nem vigilante no cotidiano. Bastaria pedir ao Pai que nos livrasse do mal e estaríamos a salvo de tudo. “Vigiai e orai, para que não entreis em tentação; na verdade, o espírito está pronto, mas a carne é fraca” (Mateus 26.41). “E já está próximo o fim de todas as coisas; portanto sede sóbrios e vigiai em oração” (I Pedro 4.7).

Portanto, precisamos orar em todo o tempo, e agir sempre que for necessário. Porque “A mão dos diligentes dominará, mas os negligentes serão tributários” (Provérbios 12.24).

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

DEVEMOS JULGAR?

Por Rev. Doug Kuiper.

 
O que mais se vê nestes “últimos dias” são heresias pregadas em muitas igrejas por aí. A cada dia ficamos mais indignados com tamanha distorção Bíblica, o Evangelho genuíno está sendo deixado de lado e sendo trocado por uma “teologia popular” voltada ao misticismo, aos modismos, as falsificações bíblicas e fetiches populares.
 
Apóstolos, pai-póstolos, gurus gospel tem surgido por aí trazendo um "outro evangelho". A palavra de Deus em sua essência é trocada por modismos, por hierarquias eclesiásticas, por dinheiro e por interesses particulares destes "super crentes". São tantos "shofás proféticos" que não aguento mais tanta barulheira. É tanto "mantra gospel" que meus ouvidos já estão estourando, é tanto ré-plé-plé que meu senso de racionalidade clama por socorro! Quebra de maldições hereditárias onde o crente nunca se converte de verdade, seções de descarrego, sabonetes de arruda, rosa ungida, sal grosso... É tanto "copo d'agua consagrado" que dá até vontade de ir ao banheiro. Unções especiais, urros, gritos, histerias, regressões, encontros tremendos, etc.
 
Diante de tudo isso, muitos Cristãos infelizmente tem se calado, pois existe um conceito errado de que não devemos julgar nada, que não é o nosso papel estar julgando o que ocorre com estas pessoas, principalmente se vamos falar de algum “líder” que esteja em um comportamento que vai contra as escrituras.
 
Resumindo, querem nos calar mesmo! Já não bastasse a perseguição contra os Cristãos que hoje em dia ocorre em muitos lugares no mundo, inclusive no Brasil, ainda temos que aguentar a distorção bíblica de que jamais deveremos abrir a boca de pastor x, apóstolo y, pois são os "ungidos de Deus". Nestes ninguém fala, até Davi foi repreendido pelo profeta Natan, mas estes líderes contemporâneos não podem ser repreendidos por algum erro ou heresia. É proibido pensar, é proibido julgar! Muitas mentes estão sendo cauterizadas por esta "nova doutrina".
 
Existem algumas passagens Bíblicas que muitos Cristãos têm interpretado erroneamente a respeito de julgamento. Meu compromisso nesta postagem é desmistificar e esclarecer ao Povo de Deus de que não devemos nos calar jamais, pelo contrário, devemos por obrigação exortar e lutar pelo Evangelho genuíno de Cristo, afinal, quem ama, luta pela verdade, pois "O amor não se alegra com a injustiça, mas regozija-se com a verdade". (1 Co 13:6).
 
“Não julgueis, para que não sejais julgados.” Mateus 7:1
 
Em primeiro lugar deixo claro que aqui JESUS claramente proíbe o julgamento. Mas a grande questão é se JESUS proíbe qualquer julgamento ou somente certo tipo de julgamento. O versículo 1 por si mesmo não nos dá uma resposta para esta pergunta. Por isso temos que aplicar uma regra fundamental para poder interpretar a Bíblia. Analisar sempre o contexto da passagem citada para poder saber de que se trata a mesma, pois sabemos que texto fora de contexto é um pretexto para formar até mesmo uma heresia.
 
Para sabermos de que tipo de Julgamento JESUS proibiu nesta passagem vamos analisar o contexto:
 
“Pois, com o critério com que julgardes, sereis julgados; e, com a medida com que tiverdes medido, vos medirão também. Por que vês tu o argueiro no olho de teu irmão, porém não reparas na trave que está no teu próprio? Ou como dirás a teu irmão: Deixa-me tirar o argueiro do teu olho, quando tens a trave no teu? Hipócrita! Tira primeiro a trave do teu olho e, então, verás claramente para tirar o argueiro do olho de teu irmão” Mt 7:2-5
 
Analisando o contexto podemos ver claramente que JESUS proíbe especificamente o “julgamento hipócrita”. Jesus diz aos judeus no versículo 1 que eles não devem julgar. No versículo 2, ele dá a razão pela qual eles não devem julgar: o padrão que eles usam para julgar os outros será o mesmo padrão que os outros usarão para julgá-los. Eles não devem ignorar seus próprios pecados, enquanto condenando os mesmos pecados nos outros. Fazer isto é julgar com um “padrão Duplo”, ou seja, julgar hipocritamente.
 
Não é hipócrita condenar o irmão por uma pequena falta, ou mesmo tentar ajudá-lo a sobrepujá-la, quando você mesmo é culpado de uma falta maior? Esta é a grande questão que JESUS estava colocando diante do povo nesta passagem.
 
Note que o pecado dos dois pecadores (a pessoa e seu irmão) é o mesmo em dois respeitos. Primeiro, é o mesmo em natureza: em ambos os casos um pedaço de madeira estava no olho da pessoa. Segundo, ambos estão atualmente pecando: o pedaço de madeira estava no olho deles naquele momento. A diferença entre as suas faltas é somente uma de tamanho: um pedaço é pequeno, e o outro é grande. É hipocrisia alguém cujo pecado é maior condenar alguém cujo pecado é menor, sendo em ambos os casos o mesmo tipo de pecado (vs 5). Em outras palavras, uma mulher que está abortando um feto de oito meses não está na posição de repreender um homem que mata um caixa de banco, e o homossexual não está na posição de criticar infidelidades num casamento homossexual!
 
Mateus 7:1, de acordo com o seu contexto, não proíbe todo julgamento e intolerância, mas somente o julgamento e intolerância hipócrita. De fato, ele requer de nós que, após nos arrependermos dos nossos próprios pecados, condenemos o pecado do irmão como pecado, e ajudemo-lo a se voltar dele.
 
“tira primeiro a trave do teu olho”, diz Jesus, “e então, verás claramente para tirar o argueiro do olho de teu irmão”. Mt 7:5
 
Jesus ordena uma intolerância genuína, e não hipócrita, do pecado que o irmão comete.
 
Outra passagem bastante utilizada é João 8:7-11. O contexto é a história da mulher que foi pega no próprio ato de adultério e trazida a Jesus pelos escribas e fariseus. No versículo 7, Jesus diz aos escribas e fariseus: “Aquele que dentre vós estiver sem pecado seja o primeiro que lhe atire pedra”. No versículo 11 ele fala para a mulher: “Nem eu tampouco te condeno; vai e não peques mais”. Os defensores da tolerância usam estas palavras para argumentar que ninguém deveria condenar outras pessoas, pois não é melhor que elas.
 
Entendamos por ora que, quando alguém julga, ela dá um veredicto: Culpado ou inocente. Após ser julgada, a pessoa é sentenciada: A pessoa culpada é condenada (sentenciada ao castigo) e a inocente é liberta. O ponto é que julgar e condenar são duas coisas distintas, relacionadas, mas não idênticas.
 
Tendo isso em mente, note que Jesus de fato julga esta mulher, mas não a condena. Ao dizer-lhe “vai e não peques mais”, Jesus indica que ela tinha pecado. Em si mesma, a acusação dos fariseus estava correta, e Jesus julgou o pecado como sendo pecado.
 
Isto mostra intolerância pela ação pecaminosa! Seguindo o exemplo de Jesus, devemos dizer aos pecadores que mostrem arrependimento genuíno não mais cometendo pecado.
 
Embora Jesus tenha julgado a mulher, ele não a condenou. Ela pode ir embora: ela não foi executada. O evangelho para o pecador penitente é:
 
“Portanto, agora, nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus.” Rm 8:1
 
Esta é a mensagem que Jesus dá à mulher; o próprio Jesus foi condenado por ela! Ele suportou o castigo que lhe era devido, para que ela pudesse ser livre!
 
A resposta de Jesus aos fariseus expõe o julgamento hipócrita deles no assunto (o propósito primário deles, certamente, não tinha nada a ver com a mulher; era pegar Jesus em suas próprias palavras. Todavia, Jesus sabia que os fariseus se orgulhavam da justiça própria deles, e respondeu à luz deste fato).
 
Os fariseus, Jesus Recorda-os, também eram culpados de pecado, e especificamente de adultério, quer físico ou no coração. Porque também não eram livres de pecado, também eram dignos de morte como ela. Assim, ao desejar saber que julgamento ela deveria ter recebido, eles revelaram sua própria hipocrisia e motivação errônea.
 
João 8:7 e 11 nos ensinam como tratar os que pecam. O versículo 11 diz que devemos desejar o arrependimento do pecador; o versículo 7 nos ensina que não devemos fazer isso hipocritamente, nem com motivos errôneos ou de uma maneira imprópria. Contudo, a passagem não quer dizer que nunca devemos considerar as pessoas responsáveis por seus pecados (isto é, julgar o pecado como sendo pecado).
 
Agora gostaria de colocar as passagens Bíblicas que nos ordenam julgar.
 
João 7:24
 
“Não julgueis segundo a aparência, e sim pela reta justiça”.
 
Outras passagens na Escritura nos ordenam positivamente a julgar. Uma passagem que nos diz isso claramente é esta citada acima. Ela se encontra no contexto da discussão de Jesus com os judeus que questionaram sua doutrina, e tinham-no acusado de ter um diabo (Jo 7:20) e de quebrar o dia do Sábado curando um homem (Jo 5:1-16). A eles Jesus diz: “Não julgueis segundo a aparência, e sim pela reta justiça”. Ao dizer “não julgueis”, Jesus não pretende proibir o julgamento como tal, mas proibir certo tipo de julgamento, como a parte positiva deste versículo deixa claro. Podemos julgar, mas quando o fizermos, devemos julgar justamente.
 
O julgamento exterior e superficial – isto é, julgar simplesmente sobre base do que parece ser o caso, sem conhecer todos os fatos – é um julgamento imprudente, injusto e sem discernimento, que é contrário ao nono mandamento da lei de Deus. Deus odeia tal julgamento. O Julgamento justo é feito usando a lei de Deus como o padrão pelo qual discernimos se o que parece ser é o caso é realmente o caso.
 
1 Co 5
 
1 Coríntios 5 é um capítulo importante com respeito ao dever positivo de julgar. Primeiro, no versículo 3 Paulo declara, sob a inspiração do Espírito, que ele tinha julgado um membro da igreja em Corinto que estava vivendo no pecado da fornicação. Seu julgamento foi “seja entregue [tal pessoa] a Satanás para destruição da carne, para que o espírito seja salvo no Dia do Senhor Jesus”. Este é um julgamento ousado da sua parte.
 
Segundo, nos versículos 9-13, Paulo lembra aos santos do seu dever de julgar as pessoas que estão dentro da igreja, quanto ao fato destes estarem, ou não, obedecendo a lei de Deus.
 
Aqueles que alegam ser cristãos e são membros da igreja, mas que são julgados como sendo impenitentemente desobedientes a qualquer mandamento da lei de Deus (vs 9-10), devem ser excluídos da comunhão da Igreja. Paulo, sob a inspiração do Espírito, diz para a igreja não tolerar pecadores impertinentes!
 
Outras passagens
 
Outras passagens também indicam que é nossa responsabilidade julgar. Jesus pergunta às pessoas em Lucas 12:57: “E por que não julgais também por vós mesmos o que é justo?”. Jesus repreende os escribas e fariseus em Mateus 23:23 e Lucas 11:23, dizendo: “Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! Pois que dais o dízimo da hortelã, do endro e do cominho e desprezais o mais importante da lei, o juízo, a misericórdia e a fé; deveis, porém fazer essas coisas e não omitir aquelas”. Era o dever deles, de acordo com a lei, julgar – mas eles tinham falhado neste dever. Paulo orou para que o amor dos irmãos filipenses “aumentasse mais e mais em pleno conhecimento e toda a percepção”. (Fl 1:9). Ele diz aos de Corintos: “Falo como a criteriosos; julgai vós mesmos o que digo”. (1 Co 1:15).
 
Os cristãos são solicitados a examinar tudo e reter o bem (1 Ts 5:21). Eles também são obrigados a provar se os espíritos são de Deus: "Irmãos, não deis crédito a qualquer espírito; antes, provai os espíritos se procedem de Deus, porque muitos falsos profetas tem saído pelo mundo afora." (1 Jo 4:1)
 
Mesmo nas reuniões cristãs eles devem "julgar" o que ouvem: "Tratando-se de profetas, falem apenas dois ou três, e os outros julguem." (1 Co 14:29).
 
Os Crentes de Corinto receberam ordens para julgar imediatamente a imoralidade existente entre os seus membros (1 Co 5:1-8). Mesmo o estrangeiro de passagem não deve ser hospedado se for verificado que não se trata de uma pessoa alicerçada na verdadeira fé (2 Jo 10,11). E um anátema (maldição) deve ser proferido contra aqueles que apresentarem um tipo diferente de evangelho (Gl 1:9).
 
Conclusão
 
Algumas passagens da Escritura parecem proibir o julgamento, enquanto outras claramente exigem isso. Estudando os contextos daquelas que parecem proibir o julgamento, descobrimos que o que é proibido não é realmente o julgamento em si, mas sim um tipo errôneo de julgamento. Deus odeia o julgamento hipócrita! Mas Deus ama o julgamento justo da parte dos seus filhos.
 
Portanto, é dever de todo Cristão julgar!
 
“Irmãos, se alguém for surpreendido nalguma falta, vós, que sois espirituais, corrigi-o com espírito de brandura; e guarda-te para que não sejas também tentado.” Gl 6:1
 
“Prega a palavra, insta, quer seja oportuno, quer não, corrige, repreende, exorta com toda longanimidade e doutrina. Pois haverá tempo em que não suportarão a sã doutrina, pelo contrário, cercar-se-ão de mestres segundo as suas próprias cobiças, como que sentindo coceira nos ouvidos; e se recusarão a dar ouvidos à verdade, entregando-se a fábulas.” 2 Tm 4:2-3
 
***
Fonte: Blog BEREIANOS
Notas: (*) Resumido para fins de publicação. Artigo com base em trechos de "Julgar, o dever do Cristão"

domingo, 9 de fevereiro de 2014

PANELINHA NA IGREJA

Por André R. Fonseca.
 
É muito comum encontrar pregadores e blogueiros criticando as panelinhas na igreja. Tipicamente, a crítica se dirige aos adolescentes e jovens quando se agrupam por afinidades. Alguns jovens, que não conseguem lugar no grupo ou grupos, sentem-se excluídos, e a igreja deve ser sempre um lugar de inclusão onde todos se sentem acolhidos e bem! A reclamação contra as tais panelinhas é, portanto, legítima!
 
Se você, leitor, veio aqui encontrar mais um para ojerizar as panelinhas na igreja, a qualquer custo, sairá decepcionado... Não tenho nada contra elas; mas, antes de apresentar minha defesa, gostaria de fazer uma ressalva: de qual panelinha estamos falando?
 
Além de diminutivo para panela, a palavra "panelinha" recebe uma acepção de sentido figurado no dicionário, "um conjunto de pessoas que se reúnem para prejudicar outras" - segundo o Dicionário Eletrônico da Língua Portuguesa da Porto Editora. Sou veemente contra esse tipo de panelinha! Os jovens da igreja não podem se reunir com o intuito de prejudicar o próximo. Mas, se tratarmos o termo "panelinha" nesse sentido mais comum do evangeliquês, não vejo problema algum em adolescentes e jovens se reunirem por afinidades.
 
Eu tenho uma calopsita, domesticada desde bebê. Foi trazida para nossa casa ainda sem penas. Foi alimentada por mim com papinha numa seringa. Por ser um pássaro de bando, parece-me que fomos tomados por ela como seu bando. Quando começamos a comer em sua presença, ela vai para seu potinho de comida comer também. Por várias vezes, durante a limpeza da gaiola, esquecemos a portinha aberta e, ao invés de fugir, ela sempre voou ao nosso encontro. Algumas vezes, voando do quintal para o interior da casa atrás da gente. Já percebemos que há uma gradação de preferência; se não há ninguém em casa, ela fica com minha filha numa boa; mas, se estou em casa, ela voa do ombro da minha filha para o meu ombro e bica forte se minha filha tentar tirar ela do meu ombro. Mas ela morre de amores mesmo é por minha esposa... É só ouvir a voz da minha esposa no portão de casa pra começar a cantar desesperadamente! E não há quem fique com ela na mão se minha esposa estiver em casa. Se há aparente seleção por afinidade para um animalzinho como uma calopsita, por que não haveria panelinhas na igreja?
 
Assim como a calopsita, animal que vive em bandos, social em seu comportamento com os outros de sua espécie, o ser humano é um animal social também. Gostamos de viver em grupo, gostamos de ter alguém para conversar, desejamos o convívio. Um dos treinamentos mais difíceis para astronautas de longas viagens são os testes de isolamento. Por que a solitária é punição tão cruel para um preso? Por que o náufrago solitário, interpretado pelo ator Tom Hanks, escolhe conversar com o Wilson, uma bola de basquete? Se nós somos assim tão desesperadamente dependentes do convívio com outras pessoas, pois o isolamento enlouquece, por que não aceitar que haveremos de dar preferência para algumas pessoas e outras nem tanto por simples afinidade? A afinidade, coincidência de gostos ou de ideias entre os indivíduos com quem convivemos, é tão natural quanto a nossa necessidade de convivência.
 
Pense um pouco... Numa família com muitos irmãos, há sempre dois deles que andam juntos para todos os lados, compartilham segredos que os outros nem suspeitam ou que tendem a ser mais cúmplices um do outro em suas "aventuras". Se assim acontece naturalmente entre irmãos de sangue, por que não haveria panelinhas entre irmãos da igreja?
 
A tal panelinha, criada por afinidades, está presente também na escola, no trabalho, no bairro ou condomínio, entre vizinhos, no clube de xadrez... Aqui no Brasil, no Canadá, Rússia e Japão. E, pelo jeito, na palestina do primeiro século também! Ou vamos ao púlpito acusar Jesus e seus discípulos de formação de panelinha? Seria “Pedro, Tiago e João num barquinho” ou numa panelinha?
 
De uma montoeira de discípulos, Jesus escolheu apenas doze. Mas esses formavam uma panelinha tipo classe “platinum”. Entre os doze, esses três do barquinho da Galileia formavam a panelinha “Golden”. Na transfiguração, um dos marcos no ministério de Jesus, quais foram as testemunhas sortudas? Pedro, Tiago e João. Momento ápice do ministério, a oração no Getsêmani, Jesus vai com os discípulos para o lugar, mas puxa para mais próximo a sua panelinha: Pedro e os dois filhos de Zebedeu! Mas, ainda assim, podemos dizer que havia o discípulo “Golden Master Plus”, o discípulo a quem Jesus amava... Se podemos enxergar uma relação de afinidades entre os discípulos e Jesus, como não aceitar que na igreja as pessoas também não se agrupem por afinidades NA-TU-RAL-MEN-TE???
 
Vejo que a panelinha pode ser um problema realmente, mas acho que as pessoas estão exagerando na dose da crítica e andam também classificando qualquer relação de afinidade como “panelinha deplorável”!
 
O discurso é típico: “Irmãos, em nosso churrasco de confraternização, observamos que o objetivo não foi alcançado! Os irmãos se agruparam nas panelinhas de sempre!
 
Esperar que os irmãos não se confraternizassem no evento, no churrasco ou no bate-papo na saída do culto, em grupos formados por afinidades é querer sonhar com uma igreja formada por pessoas que não existem! É querer projetar na igreja um ideal impossível de ser alcançado. Minha proposta seria apenas aceitar que isso é natural, aceitável e desejável. Uma igreja saudável não é aquela que não tem panelinha, mas aquela que entende que é natural para as pessoas se agruparem por afinidades e que cada indivíduo precisa se enquadrar em sua própria turma. Não criticar o grupo que gosta de conversar sobre teologia quando você acha que teologia é um porre desnecessário! Se você não gosta de teologia, meu filho, não espere por mim. O papo é futebol? Tenho dois motivos pra não fazer parte do seu grupo. São afinidades... Não vou criticar aqueles que curtem conversar sobre futebol. Entendeu? São eles lá, e eu aqui com os meus, e todos são felizes!
 
Não sei se foi exatamente isso o que meu amigo blogueiro Denis quis dizer com “panelinha sem tampa”; mas concordo com ele, se minha interpretação de sua metáfora estiver correta, que a panelinha fechada é realmente um problema comum. Uma panelinha sem tampa, sem bloqueio, sem impedimento para novos integrantes que compartilham das mesmas afinidades é o recomendável.
 
Vamos tomar o devido cuidado para não generalizar. Vamos tentar identificar as panelinhas fechadas e as destampadas antes de sair criticando. Vamos louvar as confraternizações saudáveis definidas por afinidades. Combinado?
 
Autor: André R. Fonseca. 
Fonte: Blog Bereianos.