Defesa do Evangelho busca a prática sincera dos verdadeiros ensinos do SENHOR JESUS CRISTO. “...Sabendo que fui posto para defesa do evangelho. Mas que importa? Contanto que Cristo seja anunciado de toda a maneira, ou com fingimento ou em verdade, nisto me regozijo, e me regozijarei ainda” (Filipenses 1.17-18). Participe dessa Defesa! Deixe o seu comentário ao final do artigo ou escreva para o nosso email: adielteofilo7@gmail.com

quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

A IGREJA DENTRO DA LEI - Homossexualismo (LGBTTT) e Liberdade Religiosa

Por Adiel Teófilo. 


As reivindicações dos movimentos homossexuais têm provocado divergência de opiniões em vários segmentos da sociedade, inclusive entre denominações evangélicas. Não raras vezes surgem controvérsias de difícil resolução, colocando-se em lados opostos, convicções Bíblicas, e, práticas homossexuais, incluindo nessa expressão a conduta das lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais e transgêneros (LGBTTT). Os problemas mais complexos envolvem pessoas que assumem a homossexualidade, porém insistem em permanecer no rol de membros e no exercício de atividades na igreja, mesmo contrariando frontalmente a convicção da instituição religiosa que reprova a homossexualidade.

As questões dessa natureza são de fato muito complexas. No entanto é possível trata-las de forma adequada, respeitando-se inclusive a dignidade da pessoa humana, princípio fundamental da República Federativa do Brasil, constituída em Estado Democrático de Direito, conforme art. 1º, inc. II, da Constituição Federal (CF).

a) Da liberdade de opção sexual

Na verdade, à sombra desse Estado Democrático de Direito, as pessoas em nosso país podem livremente escolher e manter na vida íntima qualquer conduta sexual. Dessa forma, qualquer que seja a opção, mesmo contrária ao entendimento Bíblico da igreja evangélica, a pessoa homossexual não pode ser tratada indignamente. Não pode ser abordada de maneira preconceituosa, nem submetida a nenhuma forma de discriminação, vexame ou constrangimento, por causa da sua escolha sexual. Isso porque o art. 3º, inc. IV, da CF, estabelece dentre os objetivos fundamentais da nossa República o de promover o bem de todos, sem preconceitos de sexo e quaisquer outras formas de discriminação. Veda-se, por conseguinte, qualquer tratamento discriminatório.

Diante disso, as igrejas evangélicas precisam inserir nas suas normas internas disposições jurídicas específicas, observando os preceitos constitucionais e demais normas legais, a fim de lidar corretamente com as questões de homossexualismo. O propósito principal dessa iniciativa deve ser no sentido de sempre buscar solução pacífica para os conflitos, mormente quando as opiniões pessoais entram em choque com as convicções defendidas pela organização religiosa. A conciliação deve ser alcançada acatando não apenas os preceitos que asseguram a liberdade sexual, mas também promovendo o respeito aos princípios Bíblicos defendidos pelas igrejas evangélicas, as quais representam parte expressiva da nossa sociedade.

b) Da liberdade de crença e do livre exercício dos cultos religiosos

Nesse cenário é imperioso manter o justo equilíbrio entre direitos individuais e direitos coletivos, os quais não se anulam mutuamente. Se por um lado o indivíduo pode exercer livremente o direito de opção sexual, sendo vedada qualquer forma de preconceito ou discriminação, por outro, as pessoas podem também usufruir o direito à liberdade de crença e de livre exercício dos cultos religiosos. Essa é uma garantia prevista no art. 5º, inc. VI, da CF/88, que assim dispõe: “é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias;”.

Assim sendo, a liberdade do indivíduo de fazer a sua escolha sexual não suprime o direito das pessoas de ter suas crenças e exercer livremente os cultos religiosos. Não suprime também a liberdade de firmar na própria consciência o homossexualismo como pecado contra Deus. Porquanto, direitos individuais e direitos coletivos não se anulam mutuamente, mas devem se harmonizar no plano do exercício das garantias constitucionais.

c) Dos comportamentos sexuais proibidos pela igreja evangélica

A par desse equilíbrio de direitos, cumpre tecer algumas considerações importantes no tocante a aplicação dos princípios constitucionais no cotidiano das igrejas evangélicas. Para fazer valer a inviolabilidade da liberdade de crença e de prática dos cultos religiosos, recomenda-se que as igrejas evangélicas adotem um procedimento administrativo próprio, a fim de lidar com as questões envolvendo homossexualismo.

O primeiro passo é inserir no Estatuto ou no Regimento Interno, expressamente, os comportamentos sexuais que a instituição religiosa compreende que são proibidos pela Bíblia Sagrada. Pode fazer constar também, preferencialmente no Regimento Interno, as referências Bíblicas que dão respaldo ao entendimento firmado pela igreja sobre tais comportamentos. A clareza na redação do texto estatutário e regimental concorrerá decisivamente para afastar dúvidas de interpretação, possibilitando identificar com precisão a linha teológica adotada pela igreja.  

d) Das medidas disciplinares passiveis de aplicação pela igreja

Convém inserir ainda, de forma igualmente clara e precisa, as restrições e medidas disciplinares que a igreja poderá aplicar à pessoa que mantém ou que passa a manter qualquer comportamento homossexual. Podem constar, dentre outras medidas, as seguintes:
1) proibição de ser admitido como membro da organização religiosa;
2) suspensão do exercício de direitos ou da liderança de atividades religiosas;
3) perda de cargo, função, consagração ou ordenação eclesiástica;
4) proibição de celebrar liturgias religiosas;
5) proibição de participar de casamento religioso, batismo e Ceia do Senhor; e,
6) exclusão do rol de membros.

e) Do procedimento disciplinar

Outra medida relevante é estabelecer no Estatuto ou no Regimento Interno um procedimento escrito para a aplicação dessas medidas disciplinares. A grande falha de determinadas igrejas está justamente no fato de não possuir regras pré-estabelecidas para lidar com questões de restrição de direitos dos membros. Tais igrejas aplicam penalidades de forma arbitrária, sem ouvir e nem dar a oportunidade de defesa para a pessoa acusada de contrariar os princípios e as normas da igreja. O erro é maior ainda quando se divulga a medida disciplinar para a coletividade dos membros, sem que o disciplinado seja previamente informado da acusação e da decisão que lhe são desfavoráveis.

Algumas denominações evangélicas são ávidas em cometer arbitrariedades dessa natureza, principalmente as que possuem o sistema de governo episcopal, cujo líder centraliza em si mesmo todo poder de decisão. Os excessos ocorrem não somente em relação aos comportamentos sexuais proibidos pela igreja, mas também em face de outras condutas que não são aceitas pela liderança, embora nem sempre exista acerca delas expressa proibição no Estatuto ou no Regimento Interno. Essas igrejas correm o sério risco de serem obrigadas a cumprir decisões judiciais que visam corrigir ilegalidades, podendo determinar inclusive a reintegração do membro que foi desligado de forma abusiva.   

f) Do direito ao contraditório e a ampla defesa

Para evitar tudo isso, a igreja deve seguir um procedimento preestabelecido para a aplicação de medida disciplinar, mediante a prévia apuração da prática de conduta expressamente proibida aos seus membros. Nesse procedimento deverá constar, necessariamente, a oportunidade de defesa da pessoa acusada, para que apresente as suas razões, explique as circunstancias em que ocorreu o fato e aponte as provas que pretende produzir.

Esse direito de defesa deve ser conferido não apenas à pessoa acusada de prática homossexual, mas também aos demais casos de faltas disciplinares em geral. O procedimento pode ser simplificado quando a pessoa confessar espontaneamente e assumir a responsabilidade pela falta cometida, dispondo-se a aceitar a disciplina e a abandonar a prática pecaminosa proibida pela igreja evangélica. Tudo isso deve ser observado antes de se tomar decisão e aplicar qualquer medida de restrição de direitos.

Essa etapa deve ser obrigatoriamente cumprida, porque o direito de defesa é uma garantia Constitucional que se aplica a toda e qualquer espécie de procedimento disciplinar em nosso país. Assim prescreve o art. 5º, inc.LV, da CF:aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes;”.

Ressalta-se que a falta da oportunidade de promover o contraditório e a ampla defesa caracteriza-se violação de direito por ofensa ao citado preceito constitucional. A pessoa que se sentir prejudicada poderá recorrer ao Poder Judiciário, o qual, mediante o devido processo legal, poderá cassar a decisão arbitrária e reintegrar o membro desligado sumariamente, garantindo-lhe o direito de defesa. Importante frisar que as decisões judiciais dessa natureza visam tão somente afastar ilegalidades e assegurar o pleno exercício das garantias previstas na legislação.

Tais decisões não têm por finalidade ingressar no mérito das decisões eclesiásticas, para modificar os princípios, convicções e crenças que embasam as decisões da igreja. Noutras palavras, o Poder Judiciário garante o cumprimento da lei mediante a exigência do respeito aos direitos, contudo não pode cercear a liberdade de crença das organizações religiosas, obrigando-as a alterar as suas convicções Bíblicas. Se assim o fizesse, estaria ofendendo a garantia prevista no art. 5º, inc. VI, da CF, que assegura a inviolabilidade de consciência e de crença. E caso isso ocorra, deve-se recorrer à instância superior, mediante a assistência de profissional da advocacia, colimando afastar a violação de direito da organização religiosa.   

g) Da instrução e da decisão no procedimento disciplinar  

Além da oportunidade de defesa, recomenda-se estabelecer no procedimento de apuração disciplinar momento oportuno para a colheita e análise das provas, denominado instrução procedimental. Nessa fase, todas as provas lícitas e possíveis, que geralmente são admitas em Direito, devem ser igualmente admitidas no procedimento disciplinar, visando conhecer da melhor maneira possível todas as circunstâncias do fato em apuração, sua motivação, pessoas envolvidas e as suas consequências no âmbito da igreja e da sociedade. Enfim, deve-se buscar a verdade real dos acontecimentos, não apenas comentários ou opiniões sobre eles.         

Todo esse cuidado se justifica em razão da necessidade de se tomar uma decisão justa e proporcional à gravidade e às consequências do fato. Obviamente que tudo é facilitado quando o acusado espontaneamente confessa a sua falta e relata todas as circunstâncias da sua prática. No entanto, a ausência de confissão não deve se constituir em obstáculo à apuração, que pode inclusive ser suspensa até o surgimento de provas que justifiquem o seu prosseguimento.

Depois de comprovada a prática homossexual, seja mediante confissão espontânea ou por meio da colheita de provas, em tese surgem duas alternativas a serem seguidas pela igreja:

1ª) O acusado admite a falta e aceita sanção disciplinar: a igreja deve aplicar ao acusado, dentre as medidas disciplinares previstas no Estatuto ou no Regimento Interno, aquela que melhor se ajustar ao fato e suas circunstâncias, além de prestar ao disciplinado toda a assistência necessária para sua correção e ajustamento aos princípios morais da igreja.  

2ª) O acusado não admite a falta e nem aceita sanção disciplinar: é possível que exista divergências entre as convicções do acusado e da organização religiosa. Nessa hipótese a igreja deve aplicar também a medida disciplinar que julgar adequada, podendo ainda, caso o acusado se mantenha irredutível, convidá-lo a procurar uma organização religiosa que concorde com a sua prática homossexual, a fim de que ele exerça com liberdade em outro local o direito de consciência e de crença religiosa.

Qualquer que seja a decisão da igreja, tudo deve constar em ata ou do procedimento escrito que apurou o fato. Esses registros podem servir de prova perante o Poder Judiciário, a fim de comprovar que a igreja cumpriu o rito procedimental para a aplicação de medida disciplinar, previsto no seu Estatuto Social, que é o documento que define oficialmente a regras de organização e de funcionamento da igreja.           
     
h) Da divulgação das decisões da igreja

A etapa final do procedimento disciplinar é a divulgação da decisão tomada pela comissão ou conselho encarregado da apuração. Essa fase requer alguns cuidados, visando não expor desnecessariamente as pessoas envolvidas, nem causar prejuízo à igreja maior que o dano decorrente do próprio fato em si mesmo.    

A igreja pode tornar pública as suas decisões, porém deve ter as cautelas necessárias para não causar dano à imagem das pessoas perante a coletividade. Nesse sentido é oportuno relembrar a garantia prevista no art. 5º, inc. X, da CF: “são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação;”.

Para tanto, convém estabelecer critérios para a publicidade das decisões. Podemos citar os seguintes exemplos: a) publicar as decisões em reuniões restritas aos membros; b) dar conhecimento apenas da decisão final sem discorrer sobre o fato; e, c) responsabilizar pessoalmente o membro que divulgar a terceiros qualquer assunto reservado aos membros.

Enfim, as sugestões apresentadas acima constituem um conjunto mínimo de recomendações a ser observado pelas igrejas evangélicas ao lidar com questões de homossexualismo. É bem verdade que outras regras podem ser acrescentadas e até aprimoradas, visando alcançar a resolução pacífica do conflito que geralmente surge entre as reivindicações dos homossexuais e a liberdade de crença e de livre exercício dos cultos religiosos. Tudo deve ser feito para seguir a paz, pois nem todos buscam a santificação. 


quarta-feira, 11 de novembro de 2015

A "IMBECILIZAÇÃO" DA IGREJA BRASILEIRA

Por Renato Vargens.

Se por um lado tornou-se comum encontrar nas igrejas pastores que cheiram a Bíblia, que se vestem de pano de saco, que mergulham em lama, que  descem em poços, que e que fazem atos proféticos imbecilizados, por outro,  também é possível encontramos "crentes em Jesus" felizes porque a igreja do Senhor se transformou num picadeiro.

Ora, antes que alguém me apedreje preciso afirmar que é claro que sei a igreja invisível não se encaixa nesse perfil. Na verdade, não é sobre ela que escrevo e sim sobre parte da igreja brasileira que em nome de um evangelho antropocêntrico idiotizou a fé. 

Caro leitor, definitivamente vivemos dias complicados onde as verdades do Cristianismo foram trocadas por conceitos de autoajuda e satisfação pessoal. Lamentavelmente, os palhaços que tem pregado nesse picadeiro chamado "igreja" anunciam um cristianismo bufão, onde o que importa é que o cliente seja atendido em todas as suas necessidades. Nessa perspectiva os adeptos deste tipo de igreja tem promovido  um tipo de "stand up gospel" onde a proposta final é divertir o cliente. O pior disso tudo é que devido a "imbecilização" da igreja brasileira, os crentes tem vibrado com esse pseudo-evangelho, chamando de fariseu e religioso todos aqueles que a eles se opõem.  

Pois é, quando vejo pastores caricaturados, anunciando um evangelho desprovido de inteligência, graça, e sabedoria pergunto: 

O que será que tornou parte da igreja brasileira imbecilizada?

Quais serão de fatos os motivos que levaram parte dos evangélicos a viverem um cristianismo idiotizado? 

Na minha opinião o problema se deve ao abandono das Escrituras, a relativização da Palavra de Deus, bem como a troca do evangelho pelo pragmatismo. 

Termino esse texto lembrando do grande Spurgeon que dizia: 

“Chegará um dia que em vez de pastores alimentando ovelhas, haverá palhaços entretendo bodes.”

Para nossa tristeza e lamento esse dia chegou!

Que Deus tenha misericórdia do seu povo e nos leve de volta aos valores da reforma.


Com a alma angustiada...   

Renato Vargens.

Fonte: Blog Renato Vargens.

sexta-feira, 16 de outubro de 2015

Fuja da sabadolatria de Ellen G. White

Por Ciro Sanches Zibordi.


Tenho o mesmo pensamento do erudito Hank Hanegraaff a respeito do adventismo do sétimo dia: “o adventismo do sétimo dia é multifacetado” (O Livro das Respostas Bíblicas, CPAD, p.379). Não generalizo; reconheço que há adventistasortodoxos, que aceitam os princípios da fé cristã histórica, e liberais, que contradizem a encarnação do Verbo, a ressurreição corpórea e a infalibilidade das Escrituras.

Mas o pior segmento do adventismo é o sabadólatra, que, além de se especializar em doutrinas extravagantes, como o sono da alma, confere status de profetisa a Ellen G. White (1827-1915) e propaga as suas teses sabadolátricas, inclusive em programas de televisão.

Nas obras da eminente adventista mencionada há muitas invencionices acerca da guarda do sábado. Ela chega a considerar a observância do sábado necessária para confirmar a salvação dos que creem em Jesus Cristo! A sabadolatria, sem dúvida, é a maior heresia do adventismo do sétimo dia, a qual vem sendo muito propagada mediante certo programa de televisão.

Ellen G. White afirmou, em sua obra mais famosa, que a desobediência ao quarto mandamento do Decálogo é a causa de existirem tantos pecadores no mundo: “Tivesse sido o sábado universalmente guardado, os pensamentos e afeições dos homens teriam sido dirigidos ao Criador como objeto de reverência e culto, jamais tendo havido idólatra, ateu, ou incrédulo” (O Grande Conflito, Casa Publicadora Brasileira, p.436). Então, por que a Bíblia não diz, em 2 Coríntios 5.17: “Quem guarda o sábado nova criatura é”? O que liberta o ser humano do poder do pecado e lhe outorga uma nova vida é o estar em Cristo (2 Co 5.17), e não a guarda do sábado.

Em outra obra, Patriarcas e Profetas, a senhora White asseverou: “o sábado é um sinal do poder de Cristo para nos fazer santos. E é dado a todos quantos Cristo santifica. Como sinal de Seu poder santificador, o sábado é dado a todos quantos, por meio de Cristo, se tornam parte do Israel de Deus” (citado no Tratado de Teologia Adventista do Sétimo Dia, Casa Publicadora Brasileira, p.591). Nesse caso, os cristãos que não guardam o sábado não podem ser verdadeiramente santos? Não são mais o sangue de Jesus, a Palavra de Deus e o Espírito Santo que nos santificam?

Outra invencionice sabadolátrica da senhora White diz respeito ao ministério terreno do Senhor Jesus: “Cristo, durante Seu ministério terrestre, deu ênfase aos imperiosos reclamos do sábado; em todo o Seu ensino Ele mostrou reverência pela instituição que Ele mesmo dera” (idem, p.590). A bem da verdade, o Senhor Jesus nunca ensinou a guarda do sábado! No Sermão da Montanha (Mt 5-7) nada foi dito a respeito da guarda do sábado. E olha que o Senhor aludiu ao Decálogo várias vezes! Ele só falou do sábado quando foi confrontado pelos fariseus (Mt 12.1-14).

Jesus disse que os verdadeiros adoradores adoram o Pai em espírito e em verdade (Jo 4.23,24). Mas a senhora White acrescentou: “os adoradores de Deus se distinguirão especialmente pelo respeito ao quarto mandamento — dado o fato de ser este o sinal de Seu poder criador, e testemunha de Seu direito à reverência e homenagem do homem” (O Grande Conflito, p.445).


Aliás, Ellen G. White, em sua tentativa de sacralizar ou endeusar o sábado, acrescentou várias palavras à revelação divina contida em Gênesis: “O sábado foi confiado a Adão, pai e representante de toda a família humana. [...] A instituição do sábado, que se originou no Éden, é tão antiga como o próprio mundo. Foi observado por todos os patriarcas, desde a criação”(Tratado de Teologia Adventista do Sétimo Dia, p.589). Ela também disse:“o sábado foi guardado por Adão em sua inocência no santo Éden; por Adão, depois de caído mas arrependido, quando expulso de sua feliz morada. Foi guardado por todos os patriarcas, desde Abel até o justo Noé, até Abraão, Jacó” (O Grande Conflito, p.453).

Onde está escrito, em Gênesis, que Adão, Enoque, Noé, Abraão, Isaque e Jacó guardaram o sábado? Quando Deus ordenou que Adão e seus descendentes deveriam guardar o sábado? Em Gênesis 2.1-3 está escrito que o Senhor, após ter concluído a obra da Criação, abençoou e santificou o sétimo dia. Mas isso não significa que Ele instituiu, ali, um mandamento eterno para toda a humanidade. Isso é uma grande invencionice da “profetisa” Ellen G. White, dos pregadores e telepregadores da sabadolatria.

A senhora White afirmou que, ao ser proclamada a lei, no Sinai, “as primeiras palavras do quarto mandamento foram: ‘Lembra-te do dia do sábado, para o santificar’ (Êx 20:8), mostrando que o sábado não foi instituído ali; aponta-se-nos a sua origem na criação” (Tratado de Teologia Adventista do Sétimo Dia, p.589). Ora, a instituição da guarda do sábado para os israelitas ocorreu após a saída do Egito — e, por isso, é mencionada em Êxodo 16 —, antes, portanto, do Sinai. Daí o Senhor ter dito: “Lembra-te”. Mais uma vez a senhora White, valendo-se da eisegese, falsifica a Palavra de Deus (cf. 2 Co 2.17).

Segundo a Bíblia, a instituição da guarda do sábado ocorreu após a saída do povo de Israel do Egito: “E ele [Moisés] disse-lhes [aos israelitas]: Isto é o que o SENHOR tem dito: Amanhã é repouso, o santo sábado do SENHOR” (Êx 16.23). Aqui, vemos a primeira menção, no Pentateuco, à guarda do sábado. O mandamento da guarda do sábado está, claramente, ligado à libertação do Egito (Dt 5.15).

Segue-se que a guarda do sábado foi dada exclusivamente a Israel e os estrangeiros que habitassem em sua terra (Êx 20.1,2,8; 31.13; Is 56). O fato de o Criador ter santificado e abençoado o sábado após a Criação não denota que Ele tenha ordenado que o sétimo dia, a partir daquele momento, deveria ser guardado por Adão e sua descendência. A única ordenança de Deus para o homem, em Gênesis 2, foi esta: “De toda a árvore do jardim comerás livremente, mas da árvore da ciência do bem e do mal, dela não comerás; porque, no dia em que dela comeres, certamente morrerás” (vv.16,17).

Finalmente, a “profetisa” Ellen G. White disse, com base em Apocalipse 11.19, que os dez mandamentos estão guardados dentro da arca, no Céu, e que a guarda do sábado jamais foi abolida. E acrescenta: “Não puderam achar nas Escrituras prova alguma de que o quarto mandamento tivesse sido abolido, ou de que o sábado fora mudado” (O Grande Conflito, p.433). Ora, o Decálogo faz parte da lei mosaica. E esta foi, sim, abolida, após a manifestação em carne do Senhor Jesus e sua obra expiatória (Jo 1.14-17; Lc 16.16; Rm 10.4; Cl 2.14-16).

Que Deus nos guarde da sabadolatria e de todas as formas de idolatria (Gl 5.20; 1 Co 5.11; 10.7,14; 1 Jo 5.21). E que observemos o primeiro e grande mandamento apresentado pelo Senhor Jesus: “Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu pensamento” (Mt 22.37).

Fonte: Blog do Ciro.

sexta-feira, 31 de julho de 2015

PREGADORES IMPOSTORES

Por Mike Gilbart-Smith, Pastor da Twynholm Baptist Church (Fulham, Londres).

Impostores que Falham em Ver o Texto

1) O “Sermão Infundado”: o texto é mal entendido
Aqui o pregador diz coisas que parecem ser verdadeiras, mas em nenhum sentido vêm de uma correta interpretação da passagem. Ele é pouco cuidadoso com o conteúdo do texto (por exemplo, o sermão sobre a “resultar, motivar e prover” da tradução Nova Versão Internacional de 1 Tessalonicenses 1.3, sendo que nenhuma dessas palavras está presente no texto grego) ou com o contexto (por exemplo, o sermão sobre Davi e Golias, que pergunta “quem é seu Golias, e o que são as cinco pedras lisas que você precisa para estar preparado para usar contra ele?”).

Se um pregador não está extraindo profundamente a verdade da Palavra de Deus para determinar a mensagem de seus sermões, eles estão provavelmente sendo dirigidos pelas próprias ideias do pregador, não pelas ideias de Deus.

2) O “Sermão Trampolim”: o ponto do texto é ignorado
Intimamente relacionado ao sermão anterior é o sermão no qual o pregador fica intrigado com algo que é uma implicação secundária do texto, mas que não é o ponto principal. Imagine um sermão sobre as bodas de Caná, em João 2, que focaliza primariamente a permissão de cristãos beberem álcool e nada diz sobre a manifestação da glória de Cristo na Nova Aliança através do sinal de Jesus transformar a água em vinho.

Uma das grandes vantagens de pregações expositivas sequenciais é que o pregador é forçado a pregar em tópicos que ele preferiria evitar e a dar peso apropriado a tópicos que ele tenderia a superenfatizar. Um pregador de sermões “infundados” ou “trampolins” pode involuntariamente descartar ambas as vantagens, e assim a agenda de Deus é silenciada ou colocada de lado.

3) O “Sermão Doutrinário”: a riqueza do texto é ignorada
Deus deliberadamente tem falado conosco “de muitas maneiras” (Hebreus 1.1). Muitíssimos sermões ignoram o gênero literário de uma passagem, e pregam narrativa, poesia, epístola e apocalíptica do mesmo modo, como uma série de afirmações proposicionais. Embora todos os sermões devam comunicar verdades proposicionais, eles não devem se reduzir a elas. O contexto literário das passagens deveria significar que um sermão em Cântico dos Cânticos soa diferente de um em Efésios 5. A passagem pode ter o mesmo ponto central, mas é comunicada de uma maneira diferente. A diversidade da Escritura não deve ser nivelada na pregação, mas valorizada e comunicada de uma maneira sensível ao gênero literário. A narrativa deveria nos ajudar a ter empatia, a poesia deveria aumentar nossa resposta emocional e a apocalíptica e a profecia deveriam nos levar ao assombro.

4) O “Sermão Atalho”: o texto bíblico é apenas mencionado
Sendo o oposto do sermão exegético, esse tipo de pregação não mostra absolutamente nenhum “trabalho” exegético. Ainda que o Senhor tenha fixado a agenda pela Sua Palavra, somente o pregador está totalmente ciente desse fato. A congregação pode terminar dizendo: “que sermão maravilhoso”, ao invés de “que passagem da Escritura maravilhosa”.
Encorajaremos nossa congregação a ouvir a voz de Deus, e não somente a nossa, ao apontá-los frequentemente de volta ao texto bíblico: “veja o que Deus diz no verso cinco” mais do que “ouça cuidadosamente o que eu estou dizendo agora”.

5) O “Sermão Sem Cristo”: o sermão interrompido sem o Salvador
Jesus repreendeu os fariseus: “Examinais as Escrituras, porque julgais ter nelas a vida eterna, e são elas mesmas que testificam de mim. Contudo, não quereis vir a mim para terdes vida” (João 5.39,40). Quão triste é que, mesmo nós, que fomos a Jesus para ter vida, levemos toda uma congregação a estudar uma passagem da Escritura, e ainda assim nos recusemos a levá-la a ver o que essa Escritura diz sobre Cristo, tornando textos do Antigo Testamento em sermões moralistas, e até mesmo pregando sermões sem Cristo e sem evangelho dos próprios Evangelhos. Imagine o horror de um sermão na narrativa do Getsêmani que se concentre em como nós podemos lidar com o estresse em nossas vidas.

Se a Palavra de Deus é como uma enorme roda, o cubo da roda1 é Cristo e o eixo é o evangelho. Nós não teremos pregado fielmente nenhuma passagem da Escritura até que tenhamos encaixado os raios ao cubo, e comunicado o que a passagem diz sobre Cristo e como se relaciona com o evangelho. (1) Nota do tradutor: O cubo é a parte central da roda que liga toda a roda ao eixo e ao sistema de freios.

Impostores que Falham em Ver a Congregação

6) O “Sermão Exegético”: o texto fica não aplicado
Se o “sermão infundado” perde totalmente o texto, o “sermão exegético” perde totalmente a congregação. Algumas pregações que alegam ser expositivas são rejeitadas como chatas e irrelevantes... e corretamente! Algumas poderiam muito bem ser lidas em um comentário exegético. Tudo o que é dito é verdadeiro em relação à passagem, mas não é realmente pregação; é meramente uma palestra. Muito pode ser aprendido sobre o uso que Paulo faz do genitivo absoluto, mas pouco sobre o caráter de Deus ou a natureza do coração humano.
 
Não há aplicação a nada, exceto à mente da congregação. Certamente a verdadeira pregação expositiva, primeiro, informará a mente, mas também aquecerá o coração e compelirá a vontade. Uma dieta regular de pregação exegética fará as pessoas sentirem que somente pregações tópicas podem ser relevantes, e modelará leituras da Bíblia que presumem que nós podemos ler a Palavra de Deus fielmente e ainda permanecer não desafiados e inalterados.

7) O “Sermão Irrelevante”: o texto é aplicado a uma congregação diferente
Muitas pregações promovem orgulho na congregação ao jogar pedras por cima do muro no quintal do vizinho. Ou o ponto da passagem é aplicado somente aos descrentes, sugerindo que a Palavra não tem nada a dizer à igreja ou é aplicado a problemas que são raramente vistos na congregação para a qual se está pregando.

Assim, a congregação se torna inchada e, como os fariseus nas parábolas de Jesus, termina agradecida de que não é como os outros. A resposta não é arrependimento e fé, mas “Se aquela senhora ouvisse esse sermão!” ou “aquela outra igreja realmente deveria ter esse sermão pregado a eles!”. Esse tipo de pregação fará a congregação crescer em justiça própria, não em piedade.

8) O “Sermão Privado”: o texto é aplicado somente ao pregador
É fácil para o pregador pensar meramente sobre como a passagem se aplica a ele mesmo, e então pregar à congregação como se a congregação estivesse exatamente na mesma situação que o pregador. Para mim, é certamente mais fácil ver como uma passagem da Escritura se aplica a um homem branco britânico com seus quarenta anos, com uma esposa e seis crianças, que trabalha como pastor de uma pequena congregação na zona oeste de Londres. Isso pode ser maravilhoso para meus momentos de devocionais, mas de não muito útil para minha igreja, já que ninguém mais se encaixa nessa lista.

Quais são as implicações do texto para os adolescentes e as mulheres solteiras? Para a mulher com seus quarenta anos que deseja se casar e o imigrante? Para o desempregado e o visitante ateu ou muçulmano? Para a congregação como um todo e o motorista de ônibus, ou o que trabalha no escritório ou o estudante ou o que mora na casa da mãe?

O sermão privado pode levar a congregação a pensar que a Bíblia só é relevante ao cristão “profissional”, e que o único uso válido da sua vida seria, realmente, trabalhar em tempo integral para a igreja ou outra organização cristã. Esse sermão pode fazer a congregação idolatrar seu pastor e viver sua vida cristã vicariamente através dele. Esse sermão impede a congregação de enxergar como deve aplicar a Palavra a cada aspecto de sua vida e como comunicá-la àqueles cujas vidas são muito diferentes da sua própria.

9) O “Sermão Hipócrita”: o texto é aplicado a todos, menos ao pregador
O erro oposto do “sermão privado” é o sermão no qual o pregador é visto como aquele que ensina a Palavra, mas não é um modelo do que significa estar sob a Palavra. Há momentos quando um pregador precisa dizer “você” e não “nós”. Mas um pregador que sempre diz “você” e nunca “nós” não é um modelo de como ser apenas um subpastor que é, primeiro e antes de tudo, uma das ovelhas que deve, ela mesma, ouvir a voz do seu grande Pastor, conhecê-lo e segui-lo, confiando nele para sua vida eterna e segurança.

Um pregador que prega dessa forma pode cometer o erro oposto ao da congregação que vive vicariamente através do seu pastor: ele viverá vicariamente através da sua congregação. Ele assumirá que seu discipulado é inteiramente sobre seu ministério e, no fim das contas, terminará não andando como um discípulo sob a Palavra de Deus, mas somente como alguém que coloca outros sob a Palavra, acima da qual ele se assenta distante.

10) O “Sermão Desajustado”: o ponto da passagem é mal aplicado à congregação
Algumas vezes a distância hermenêutica entre a passagem original e a presente congregação pode ser mal entendida, de tal modo que a aplicação ao contexto original é, de modo errôneo, transferida diretamente ao contexto presente. Assim, se o pregador não tem uma correta teologia bíblica de culto, passagens sobre o templo do Antigo Testamento podem ser erroneamente aplicadas ao edifício da igreja do Novo Testamento, ao invés de serem cumpridas em Cristo e em seu povo. Os pregadores do evangelho da prosperidade podem reivindicar as promessas das bênçãos físicas dadas ao Israel fiel da Antiga Aliança e aplicá-las irrefletidamente ao povo de Deus da Nova Aliança.

Impostores que Falham em Ver o Senhor
Aulas de pregação frequentemente referem-se aos dois horizontes da pregação: o texto e a congregação. Mas o pregador cristão deve reconhecer que por trás de ambos encontra-se o Senhor que inspirou o texto e que está operando na congregação.

11) O “Sermão Sem Paixão”: o ponto da passagem é falado, não pregado
Seria possível haver um pregador que entendesse absolutamente a passagem e falasse sobre suas implicações à congregação presente de maneira capaz e até mesmo profunda. Porém, o pregador entrega o sermão como se ele estivesse lendo uma lista telefônica. Não há nenhum senso de que, quando o pregador entrega a Palavra de Deus, Deus mesmo está se comunicando com seu povo. Quando o pregador falha em reconhecer que é Deus mesmo, através de sua Palavra, que está pleiteando, encorajando, repreendendo, treinando, exortando, moldando e aprimorando seu povo, através da aplicação que o Espírito faz daquela Palavra, frequentemente não haverá paixão, reverência, solenidade, alegria visível, lágrimas de dor perceptíveis – apenas palavras. 

12) O “Sermão Sem Poder”: o ponto da passagem é pregado sem oração
Tanto tempo é dedicado ao estudo da passagem e à elaboração do sermão que pouco tempo é dedicado à oração pela compreensão correta ou aplicação apropriada.

O pregador que trabalha duro, mas ora pouco, confia mais em si mesmo e menos no Senhor. Essa é, talvez, uma das maiores tentações nas quais se pode cair, como um expositor, pois talvez só aqueles com maior discernimento na congregação estejam aptos a perceber uma exegese falsa ou uma aplicação inadequada, mas a diferença que a oração do pregador fez para o impacto do sermão será clara somente ao Senhor e no dia quando todas as coisas forem reveladas. Os horizontes do Senhor e da eternidade devem, em última análise, ser os mais importantes para o pregador; de fato, ele só deveria realmente se preocupar com os horizontes do texto e da congregação porque os horizontes do Senhor e da eternidade são invisíveis, ainda que de importância infinita.

Conclusão
A pregação expositiva é tão importante para a saúde da igreja porque ela permite que todo o conselho de Deus seja aplicado a toda a igreja de Deus. Que o Senhor prepare pregadores de sua Palavra de tal modo que sua voz seja ouvida e obedecida.

Notas:
Nota do editor: Este artigo é uma versão revisada expandida de um artigo que Mike escreveu vários anos atrás.
Tradução: André Aloísio Oliveira da Silva.
Revisão: Vinícius Musselman Pimentel.
Título original do artigo: Expositores impostores.