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terça-feira, 26 de maio de 2020

A IGREJA E O CORONAVIRUS


Por Adiel Teófilo.

O Brasil vem enfrentando a pandemia do coronavirus (Covid-19), desde o dia 20 de março de 2020, quando o Congresso Nacional promulgou o Decreto Legislativo nº 6, reconhecendo o estado de calamidade pública. Essa data marca o início da implantação em todo o território nacional de diversas medidas de enfrentamento da pandemia, sendo que em alguns Estados e Municípios foram impostas regras de isolamento social, restrição de várias atividades e proibição de aglomeração de pessoas. Essas medidas inevitavelmente atingiram o funcionamento das igrejas, impedindo a realização das suas atividades e celebrações coletivas regulares.
Diante disso, as denominações evangélicas, principalmente aquelas que não possuem programas de rádio e/ou televisão, foram forçadas a buscar rapidamente outros meios de manter o contato com os seus membros. Nesse sentido, as redes sociais foram de grande valia, pois viabilizam o contato virtual com a membresia, a custo baixo, através de aplicativos e canais de comunicação pela internet, possibilitando, embora à distância, a realização das celebrações religiosas, como cultos, escolas bíblicas e ministração da Ceia ordenada pelo Senhor Jesus Cristo.
O desafio da igreja fora dos templos
Nesse tempo de pastoreio e ministrações à distância, o grande desafio para líderes e liderados é continuar sendo Igreja mesmo fora dos templos. A habitualidade das celebrações presenciais durante a semana foi substituída de forma súbita e inesperada por momentos on line, nos quais não há proximidade afetiva entre as pessoas, nem a interação direta entre os integrantes da comunidade local. Não resta dúvida de que esse afastamento social implica numa perda substancial da qualidade dos cultos e na impossibilidade de se desenvolver uma comunhão cristã íntima entre o povo. 
Esses problemas não ocorrem apenas em razão do isolamento social em si mesmo como medida de contenção da pandemia. Eles são ocasionados também por outras deficiências, como a inabilidade de certas pessoas em lidar com as novas tecnologias da informação, as distrações comuns da rotina do lar, e ainda, as dificuldades de muitos crentes em realizar devocional familiar, que propicie o ambiente favorável à participação exitosa nas ministrações à distância.  
Além disso, precisamos considerar uma realidade presente em várias denominações evangélicas.  Há igrejas que não constroem a visão voltada ao aprimoramento da comunhão entre os seus membros fora do ambiente dos templos, nem aplicam práticas capazes de tornar a vida cristã num estilo de vida mais comunitário e menos restrito ao templo. As igrejas com desenvoltura nessa prática são aquelas que realizam frequentes atividades com grupos menores, funcionando no âmbito familiar, qualquer que seja a nomenclatura atribuída ao programa. Criam dessa forma condições favoráveis para gerar intensa comunhão, o que pode ajudar bastante a superar o distanciamento em tempo de crise como esse que enfrentamos. Talvez seja necessário reinventar a forma de expressar a comunhão da igreja como preparação para situações semelhantes no futuro. 
Esse ambiente de restrição social causado pelas medidas decorrentes da pandemia, que vem se estendendo ao longo de semanas em vários Estados da Federação, deve ser ainda objeto de cuidadosa reflexão acerca dos impactos que pode causar nas igrejas evangélicas em todo o país. E aqui é pertinente fazer um importante registro: a Igreja como Corpo de Cristo na Terra não se abala nem se detém diante de pandemias, calamidades ou perseguições, mas permanece firme sobre a Rocha, a Pedra de Esquina, na qual está edificada, prevalecendo contra as portas do inferno.   
A Igreja, no entanto, como Corpo Local, constituída por pessoas que se reúnem sob as diversas denominações evangélicas, pode sofrer alguns impactos consideráveis, provocados por essa mudança repentina de comportamento social, que foi imposta a toda sociedade como forma de minimizar os efeitos da pandemia.
O impacto espiritual
O primeiro reflexo que algumas igrejas podem experimentar é o impacto espiritual. Isso diz respeito diretamente aos seus membros, pois cada pessoa reage de forma diferente em face das mesmas circunstâncias. É semelhante à reação de alguns alimentos que passam pela água fervente: a cenoura amolece, o ovo endurece no seu interior, e, o pó de café se mistura à água dando-lhe cor e sabor.
Desse modo é possível que o isolamento social provoque em determinados cristãos maior fervor espiritual. Podem crescer no temor a Deus, aproximando-se do Senhor Jesus por meio de orações, súplicas, leitura e meditação da Escritura, ainda que premidos por certas dificuldades inerentes à pandemia. O calor da provação produz neles o quebrantamento espiritual e a dependência do Senhor Jesus. Certamente precisarão ser trabalhados, visando manter o fervor espiritual mesmo depois que cessar a calamidade.   
Outros cristãos, infelizmente, poderão declinar para o esfriamento espiritual, diminuindo o zelo, a comunhão e até mesmo a fé no Senhor Jesus. Pode ocorrer que se afastem gradativamente do Evangelho, como consequência do distanciamento da vida cristã comunitária, ou ainda, que se tornem pessoas de coração endurecido, resistente e questionador, quanto ao propósito de Deus em meio a essa pandemia que tem ceifado milhares de vidas em todo o mundo. Nesses, o calor da provação gera indiferença, incredulidade e isolamento do Corpo de Cristo. Será necessário esforço para resgatar e restaurar esses crentes à comunhão dos santos.
Temos ainda, para a alegria do Senhor e satisfação da liderança, o grupo dos crentes fiéis. É formado por aqueles cristãos maduros e experimentados na fé, que não se abalam no tempo da adversidade, nem se desanimam no momento da calamidade, mas permanecem firmes e confiantes na direção e provisão que vem de Deus. Aprenderam a ter fartura e também a passar por escassez, sabem desfrutar da alegria dos ajuntamentos solenes e também enfrentar a solidão do isolamento social, pois em toda e qualquer situação o Senhor é Quem lhes fortalece. Para esses, a adversidade é momento oportuno para crescer na fé e compartilhar o amor e a salvação em Cristo a todos quantos puderem falar. Resta-nos ser gratos a Deus por esses crentes que dão o verdadeiro sabor de Cristo a essa geração.
Essas são, de modo geral, algumas das consequências espirituais que podem afetar os cristãos nesse tempo de pandemia. O que realmente vai acontecer com cada Igreja Local, somente será possível avaliar no pós-pandemia, quando for restabelecida a normalidade dos cultos e demais celebrações coletivas presenciais. Cabe a cada líder ter a sensibilidade e o discernimento necessários para compreender o que se passa no coração dos seus liderados, buscando assim suprir as carências espirituais de cada um.

O impacto emocional
Outra consequência inegável da pandemia é o impacto emocional. Não há registro na história recente de tempo como esse em que todas as pessoas ficaram confinadas em suas próprias casas, por longo período, para evitar a contaminação por uma grave doença. Esse recorte temporal deixará marcas emocionais profundas na vida de inúmeras pessoas, que foram tomadas por medo, ansiedade e insegurança, provocadas por uma série de fatores, que vão desde a pouca confiança no cuidado e proteção do Senhor, passando pela falta de orientação adequada para enfrentar esse período, até a nefasta influência de alguns setores da mídia, que diuturnamente divulgam as piores notícias possíveis sobre a pandemia, cumprindo uma agenda política.
A mensuração desse impacto emocional só será possível fazê-la também no pós-pandemia. A partir do momento em que for autorizado o retorno às atividades regulares da Igreja, a ausência de algumas pessoas poderá ser motivada por consequências emocionais provocadas pela pandemia. Não se pode menosprezar o fato de que poderão estar alimentando grande receio de fazer parte dos ajuntamentos, ainda que obedecidas rigorosamente as recomendações das autoridades públicas de saúde no interior dos templos. Será necessário tempo e acompanhamento para que restabeleçam a confiança e retornem à normalidade do convívio social em todos os seus aspectos.
Por outro lado, o conforto, a comodidade e a segurança de participar em casa das celebrações virtuais da igreja poderão concorrer para alimentar certo distanciamento do templo. É bem verdade que muitos preferem a proximidade e o contato pessoal, mas também há pessoas que se comportam de forma diferente, que consideram como suficiente os contatos virtuais e a comunicação à distância, as quais podem facilmente transferir esses conceitos para as ministrações dos cultos pela internet. Lidar com essa situação requer habilidade para comunicar os ensinos da Escritura que ressaltam a importância da comunhão pessoal entre os membros do Corpo de Cristo.   
O impacto financeiro
Outra situação que pode atingir as organizações religiosas é o impacto financeiro. É notório que no combate à pandemia, o comércio em geral foi fechado e foram totalmente suspensas inúmeras atividades públicas e privadas. Isso tem provocado a falência de milhares de empresas e a demissão em massa de milhões de trabalhadores, aumentando drasticamente o número de desempregados que perderam a sua fonte de renda. O reflexo dessa lamentável conjuntura econômica sobre as igrejas é inevitável, pois muitos crentes não poderão continuar contribuindo com dízimos e ofertas nos mesmos valores que faziam antes dessa crise.
Essa perda de arrecadação poderá afetar duramente o custeio e a manutenção das igrejas. Aquelas em que for elevado o número de membros desempregados, com a consequente redução das contribuições, poderão enfrentar várias dificuldades para honrar os seus compromissos, como prebenda pastoral, salário de funcionários, tarifas de energia elétrica, água, telefone, dentre outras. Até mesmo a existência de algumas igrejas poderá ficar comprometida, na medida em que não conseguirem levantar os recursos suficientes para pagar o aluguel do templo.
Tudo isso demonstra que será necessário reorganizar as despesas, reduzir custos e estabelecer prioridades, visando manter a continuidade e o funcionamento da instituição dentro da nova realidade financeira que se avizinha. É preciso pensar que diante dessa crise econômica anunciada, cuja gravidade e repercussão não são totalmente conhecidas, poderá ser necessário prestar assistência material a número elevado de membros e congregados, demandando volume maior de recursos financeiros para a área social.       
Por outro lado, poderá ser necessário também reformular a programação especial das igrejas, como forma de enfrentar o período de crise econômica e manter a realização de vários eventos. As atividades dispendiosas e que oneram financeiramente os membros, como viagens em grupo, encontros em hotéis e jantares em restaurantes, poderão ser substituídas por programas que sejam simples, porém agregam mais pessoas e tenham menor custo. A criatividade e a capacidade de adaptação serão imprescindíveis para superar os desafios financeiros gerados pela pandemia.
A esperança no Senhor Jesus Cristo
Enfim, a pandemia do coronavírus deixará sua profunda cicatriz na história da humanidade, criando um novo tempo em que nada na sociedade poderá ser como antes. As consequências sociais e econômicas geradas pelas medidas restritivas de combate à pandemia certamente lançarão seus reflexos sobre a existência e o funcionamento de diversas igrejas em nosso país. Resta-nos diante dessa calamidade, rogarmos ao Senhor da Igreja para que ajude os membros do Corpo de Cristo a enfrentar as dificuldades com paciência, fé e esperança, na certeza de que o Senhor Jesus Cristo sempre tem o melhor para os seus escolhidos.